Os Watain são uma espécie de Carlos Martins do black metal: uma promessa eternamente adiada que por cada bom passe e golo engraçado – “They Rode On”, “Outlaw” e “Holocaust Dawn” – saca de uma expulsão idiota como no jogo contra o Estoril ou de uma exibição simplesmente má – “The Child Must Die” ou “All That May Bleed”. Claro que gozam neste momento de um sucesso relativo muito superior a jogar numa equipa B, mas na música, muito mais que no futebol, sucesso e qualidade não são propriamente sinónimos.
Para que o parágrafo anterior não dê a ideia de que vamos desatar a acusar a banda de ter sacrificado a sua integridade artística e abandonado o glorioso passado (ou cliché qualquer daqueles que aparecem no mundo do metal cada vez que uma banda muda demasiado), diga-se “The Wild Hunt” não é particularmente pior do que os seus sobrevalorizados predecessores. É razoavelmente desinspirado e tem uma produção um bocado insuportável, demasiadas vezes a puxar para o lado errado daquela linha ténue entre soar grandioso ou pretensioso, mas nada disto é uma grande surpresa.
Não sendo o end all, be all do black metal moderno, a banda Sueca terá pelo menos o mérito de nunca se ter contentado em fazer uma mera reciclagem de material, tentando sempre fazer crescer a sua sonoridade. De outro modo não encontraríamos nem as passagens tribais de “Outlaw”, nem muito menos uma “They Rode On” cantada (sim, isso mesmo) sobre um fundo acústico pleno de melancolia, com tudo para agradar a adeptos da fase mais viking dos compatriotas Bathory.
Infelizmente, três malhas engraçadas não chegam para salvar um disco praticamente dispensável. Entre os extremos de empolamento à volta da banda e ataques injustificados só porque resolveram cantar limpo ou experimentar com os cânones que seguiam, há uma zona cinza mais apropriada para “The Wild Hunt”. No fundo até tem ideias decentes que se forem mais desenvolvido poderão dar origem a boa música, só que tudo somado continua a ser muito pouco para uma banda com quinze anos de carreira e com o estatuto dos Watain.