Depois de pisarem os palcos portugueses pela primeira vez – em Agosto deste ano – os Unknown Mortal Orchestra (UMO) confessaram que o público foi um dos melhores que já tiveram e prometeram regressar em breve. Ei-los aqui para cumprir a promessa e encerrar a sua tour europeia no Porto – cidade que também gabaram no Instagram. Logo à partida, a noite estava ganha para o trio neo-zelandês/norte-americano pois regressavam a um sítio de que gostam e seriam recebidos por um público que, uma vez mais, lhes deu razões mais do que suficientes para manter Portugal no roteiro das suas próximas tours.
A casa cheia (ou muito perto disso) era já um bom indicador, mas quando o trio surgiu em palco uma multidão movimentou-se na sua direcção sendo que pouca gente ficou sentada para receber os autores de “So Good at Being In Trouble” – um dos maiores hits do ano que não tem o nome de Pharrell Williams em lado nenhum. Ignorando por completo as cadeiras do auditório, várias dezenas de pessoas concentravam-se o mais próximo possível dos músicos demonstrando o seu carinho por eles com aplausos e gritos de entusiamso. Foi nesse ambiente (demasiado?) entusiástico que a banda de Ruban Nielson percorreu canções dos seus dois trabalhos editados.
Tanto os temas mais intimistas como “From the Sun” como os mais turbulentos como “Nerve Damage!” foram bem recebidos pelo público e nem os frenéticos rasgos rock que prolongavam algumas canções com riffs ásperos e percussões diabólicas – ausentes dos trabalhos de estúdio mas que enriquecem os directos da banda – afugentaram os fãs. Para o fim, claro, deixaram os maiores trunfos e só abandonaram o palco depois das viciantes “Ffunny Ffrends” e “So Good at Being In Trouble” se fazerem ouvir. Nielsonregressaria minutos depois, sozinho, para uma bonita versão acústica de “Swim and Sleep [Like a Shark]”. Seria a calma antes da tempestade final pois a banda juntar-se-ia ao vocalista para encerrar de vez o concerto com a elétrica “Witch Boy”, tema final do primeiro disco dos UMO e que ficou a zumbir na sala muito depois de o trio abandonar o palco.
Antes dos UMO encantarem a Casa da Música com a sua pop psicadélica de claras alusões aos 60s, foi um desfile de influências rock que encheu a sala Suggia de decibéis. Os Archie Bronson Outfit – também eles um trio – apresentaram ao Porto o seu áspero rock de garagem que tanto se aproximava de rock clássico como se refugiava em ambientes mais folk e/ou psicadélicos. De Neil Young a Sabbath ou Zeppelin, os rapazes sabem onde ir beber inspiração e mostraram um punhado de boas canções, mas isso não se revelou suficiente para cativar um público que, na verdade, só lá estava para ver os Unknown Mortal Orchestra.