Twin Shadow ou a encarnação a solo de George Lewis Jr. conseguiu, com apenas um álbum, aquilo que muitos outros artistas não conseguem numa vida inteira: reconhecimento da crítica e admiração do público.

O primeiro contacto com Twin Shadow surgiu aquando da comparação com Morrissey e essa foi a razão inerente à audição de Forget. Nessa ocasião, porventura não terei dado oportunidade a todas as faixas, evidentemente desiludido com o que estava a ouvir. Como tal, este quarto concerto em Portugal no espaço de alguns meses, era encarado como um jogo entre uma equipa pequena e um colosso. Derrotado à partida, mas com uma escondida e recôndita esperança de que a surpresa poderia acontecer.

Foi nesta situação de “tábua-rasa”, pronto a ser surpreendido, que foi efectuada a deslocação ao Clube Ferroviário. De facto, com a sua música e actuação, Twin Shadow não escreve um novo capítulo musical, mas nem sempre a inovação é sinónimo de qualidade. Com a sala razoavelmente composta e com um calor abrasador, a anunciar que o Verão aparenta estar de saída mas apenas no espaço exterior, Twin Shadow ofereceu um espectáculo intermitente, em que faixas como Castles in the Snow, Slow, At My Heels ou Forget eram intercaladas com outras menos estimulantes.

Extremamente comunicativo (de quando em vez, sabe bem ter um artista que constantemente fale com o seu público) e empenhado, transmitindo alguma melancolia nas vocalizações, foram as linhas de baixo e os efeitos sonoros dos sintetizadores, típicos do pop dos anos 80, que conferiram surpresa em relação ao que tinha ouvido no álbum.

Não serviu para angariar um novo convertido, mas conseguiu ganhar um futuro interesse. Como todos os amores recentes, o romance de Twin Shadow com o público lisboeta foi caloroso, mas terá capacidade para perdurar no tempo ou será efémero como tantos outros?