Não, o título não é um trocadilho xenófobo – cá no PA não temos disso. Porém, pode fazer-se um paralelo curioso sobre os dois concertos que ontem animaram o Plano B, no Porto. Na sala de paredes escuras-escuras, onde as actuações decorreram, houve duas cores: o preto de wools e o branco, leve de Toro Y Moi.
O primeiro a subir ao palco, acompanhado pelos seus computadores macintosh e pelo seu teclado midi/sintetizador, foi Hugo Alfredo Gomes, nome próprio do projectowools. Na sua estreia em concerto, o nervosismo era visível, mas em nada afectou a sua actuação. Entre teclados que nos entravam corpo dentro teimando em não sair esamples revestidas a melancolia, a electrónica minimalista conseguiu marcar uma posição, atraindo a atenção da grande maioria do público que já circulava pela sala. Mas houve um convidado especial neste concerto: quit, ou Emanuel Botelho, colega de Hugo Gomes n’os yeah! e no movimento Música Pop Desempregada (MPD). Munido de uma guitarra eléctrica, quit juntou-se a wools, tocando por cima dos loops que foram criando, carregados de efeitos. Despretensiosa – quase que poderia ser umajam para amigos -, esta primeira parte possuía uma responsabilidade grande por animar as hostes antes de Toro Y Moi: mas ninguém saiu desiludido. Há todo um caminho a percorrer, entre desempregos e lãs, que será, certamente, colorido (mas a negro-triste).
Com uma audiência muito mais considerável do que wools, Toro Y Moi convidou-nos a “retornar a casa pelo verão”, como diz em Blessa, porque, quer para o norte-americano, quer para as suas canções, a primavera são todos os dias e quase que ouvimos passarinhos e cheirámos flores frescas no Plano B. Se quisermos resumir a sua actuação a meia dúzia de palavras, estas seriam chillwave-festa-sintetizadores-clubbing-movimento. Como queremos falar um bocadinho mais, podemos sempre lembrar que Lissoms é relaxar a mexer o corpo, enquanto queMinors é desligar de tudo o que nos pode perturbar e ter a capacidade de sonhar. Daí, também, as influências de Chaz Bundick (que veio acompanhado por baterista e baixista), presentes em todo o LP Causers Of This, ontem revisitado: os toques deelectro-pop, surf-pop e muita dream-pop. Há sempre espaço para o chillwave, mas ao vivo, as canções de Toro Y Moi ganham uma nova identidade – são as mesmas, mas com mais consistência. Claro que, quando o vimos no Festival Milhões de Festa, o músico norte-americano foi muito prejudicado por actuar no pós-orgasmo Monotonix e, por isso, aqui foi a redenção ou a prova que este jovem da Columbia tem muito para dar.
Hoje há mais em Tomar e amanhã em Lisboa. Não percam!