Path of Totality é intrigante, uma verdadeira possibilidade metafísica e metamusical na abordagem do que é o sludge, do que é o post-doom e do que é o black metal. E não há uma dúvida existencial sobre onde colocar o novo trabalho de Tombs – as primeiras faixas deixam-nos claro que o álbum da banda de Mike Hill está em igual força em todos os géneros supracitados, totalizando-os a todos na mesma mistura.

Mais do que uma distribuição democrática de influências, Path of Totality é um grave problema de controlo de fúria, de desgosto e de depressão cuja a única expressão possível está nos géneros mais extremos de metal, e nas soluções mais apocalípticas que a música contemporânea oferece. Entre blastbeats, beatdowns, riffs, explorações melódicas mega-espaciais e, claro, tremolo picking, a fortaleza de Tombs é erigido como um monólito inabalável, de linhas duras, ângulos obtusos e dos mais negros e duros materiais – sempre com o equilíbrio entre técnicas de construção (musical) e aplicação de elementos como o pormenor mais importante das doze faixas do álbum.

O resultado faz com To Cross the Land seja das músicas mais aterrorizadoras do ano, com que Bloodletters seja uma agressão ao ouvinte, com as guitarra mais graves do sludge a preparem a verdadeira tortura dos ambientes altos e românticos das cordas no black metal, e com que Vermillion seja uma expressão pura de angústia, como só os melhores utilizadores de corpse paint conseguiriam fazer, qualidade de que Cold Dark Eyes também não escapa.

Os Tombs podem ter andado apagados até agora, mas Path of Totality resolve esses problemas na carreira dos norte-americanos: é, sem sombra de dúvida, um dos registos metal deste ano a recordar nos anos vindouros, ou, no caso do fim-do-mundo acontecer mesmo, a ser usado como banda sonora. O metal, em 2011, parece ser Tombs.