Depois de, no momento inicial da sua junção, nos terem brindado de rajada com dois registos, “Tyrant” e “Peasant”, os Thou foram mostrando que estavam deveras empenhados numa extensa discografia. Desta forma, colocaram de lado os longa-duração, baseando-se essencialmente em colaborações e edições de longevidade menos arrojada. Veio “Summit”, mas mais importante que isso, chegou-nos agora o disco que os marca definitivamente como uma das bandas obrigatórias para que nos sintamos um pequeno pedaço de nada.
Quatro anos volvidos desde “Summit”, a banda de Baton Rouge pode até ter perdido alguma explosão, mas lucrou com uma contínua progressão para a ruína. Talvez se tenha iludido o peso que manifestou uma malha como “Grissecon”, mas aquilo que se ganhou com um decretado arrastar dos temas – oiça-se “Immorality Dictates” – permitiu sucumbir a uma pronunciada amargura. Prova disso, “Free Will”, e a espera de quase cinco minutos para queBryan Funck nos atormente com a aridez da sua voz, sentindo-se que não podia estar mais certo quando nos engloba na sua catástrofe e grita: “We are the cough that Spreads the plague”.
O estimável deste quarto álbum é que, apesar de manterem toda a toada sludge, e de Funck conseguir envergonhar qualquer senhor das tormentosas vozes do black metal, continuamos a notar quea cada vez que os temos ouvido ao longo desta década, seja possível encontrar algo completamente distinto. Sendo igualmente assustador perceber que, depois da magnitude e qualidade de “Heathen”, se imagine que estejam sempre num patamar capaz de nos surpreender, o que numa banda com dezenas de registos, não é muito habitual.
“Heathen” lamina, corrói e amarga. Como tal, a sua habilidade para nos intimidar é latente, mesmo que a calma dos interlúdios possa fazer acreditar que nos Thou pode residir algo para além de puro ódio e antipatia. Completo engano, estes instantes apenas servem para nos lembrar que estes rapazes criam a demanda para a mais vil das existências. No fundo, indo de encontro àquilo que nos diz “Ode To Physical Pain”, e à sua capacidade para nos mostrar que o caminho da agonia e da desolação é aquele em que nos podem guiar. Procuram outro destino? Não contem com eles.