O black mental enquanto rito ‘amputatório’, de purga sacrificial tão niilista quanto genocida – o “Pure Fucking Armageddon” – está enterrado no permafrost nórdico. E, se tantos o exumaram apenas para depois espetarem um tiro nos cornos, como se houvesse uma homilia autofágica a respeitar, Jonas Holmberg usa-o como protocolo de salvação. Molda-o, ficciona-o, mitifica-o, para arrancar os seus próprios ossos do abismo; um pulse diagnosis a blast beat como sinal vital absoluto.
Cai de joelhos no Stairway Club como se os demónios lhe dobrassem a espinha. Banha-se em alcatrão líquido – pine tar, coisa típica de Estocolmo – para espantá-los, para ganhar coragem de os enfrentar outra vez, outra noite. O cheiro é intenso. Cumpre-se ali, com vinte cabeças a espreitar, um édito simbólico entre o gnosticismo e a morte, a crença e coerção, a falibilidade existencial e o paganismo rúnico. Por traços faz-de-conta, agita e esbofeteia o seu pano branco, não num sinal de rendição mas de óbito circunstancial, enquanto os This Gift Is A Curse forçam a própria existência com “Hanging Feet” – riffs de ardor cínico, a bateria doente de tudo e Jonas naquele fio de navalha que autoriza o corte.
Mas os signos de Holmberg invertem o desfecho. Há nele a vontade de calar o assassino, fazê-lo escravo daquele alcatrão negro que purifica, fechar a conta infernal com um quociente de sossego. Agita-se o pano branco outra vez, o pano que acalma os loucos, até que apenas sobre o feedback.
Vieram depois os Implore, que conhecemos do Burning Light e de lhe estrearmos em exclusivo um vídeo. À simbologia hadal dos suecos, responderam com a brutalidade de superfície: grind geométrico, a guitarra que se formula em Entombed, o ódio que nos vira as tripas até ficarem sem cheiro, um baterista de trincheira e o axioma que pendura todas as máximas do Todd Burdette no estendal de uma ocupa.