Pouco tempo passado das 23h, sobem (apenas) cinco pessoas ao palco. As primeiras dúvidas estamparam-se nas caras dos presentes. Ao contrário do que é normal, o silêncio instalou-se, que o diga “Sting” (Efrim Menuck, vocalista da banda, assim se auto-designou) que o constatou nas suas primeiras palavras – “silêncio estranho…” –, das muitas e estranhas que proferiu ao longo da noite. Desde a explicação da música Roxane, enquanto “Sting” que era, à explicação da nova e inédita There Is A Light, que iria durar três horas e pelo meio teria o vocalista a lamentar-se do seu azar no amor, o que faria que não fosse uma música a sério, todas as intervenções e tentativas de interacção do vocalista com o público ficaram marcadas pelo seu estranho sentido de humor, que acabou por contagiar todos os presentes.
E, fosse esse o único sinal de contágio, ou de encantamento, quinta-feira, dia 30, não teria a noite que teve, com um concerto que não deixou nenhum dos presentes indiferente, numa Galeria Zé dos Bois completamente lotada. Foram músicas que com calma levavam todos a abanar a cabeça e a partilhar os sentimentos da banda: que Lisboa é bonita, mas poderá deixar de o ser; que há músicos que merecem o nosso apoio; que há boas pessoas a morrer em guerras absurdas… que há esperança – é esta a palavra que acompanhou desde sempre o percurso destas pessoas e que muitos levaram para casa. Tudo soou bem e, acima de tudo, diferente daquilo que se ouve nos seus registos gravados.Thee Silver Mt. Zion Memorial Orchestra proporcionaram uma experiência única, pela genuinidade das suas músicas em concerto, que teve mesmo direito a um encore – igualmente único, com uma intensa Microphones In The Trees.
No fim da actuação dos canadianos já não restavam dúvidas: os cinco que estavam em palco, de forma descontraída, mostraram que não são precisos mais para levar a orquestra de câmara à rua e para contagiar toda a gente com a sua eterna esperança. Os violinos de Jessica e Sophie levavam os olhos a fechar com as melodias que arrancavam aos violinos, a guitarra de Efrim criava uma ambiência arrepiante enquanto a sua voz alertava para tristezas e Thierry e Eric, juntos com o seu baixo e a sua bateria, respectivamente, faziam os corpos balançarem. Não foi preciso mais para um concerto perfeitamente encantador.
Eis o alinhamento:
13 Moons for Thirteen Blues
1.000.000 Died to Make This Song
Godbless Our Dead Marines
Take This Hands Throw Them In The River
There Is A Light
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Microphones In The Trees