Depois de terem lançado Immaculada e We Are the Men, discos com um impacto quase nulo, a banda de Brooklyn edita, desta feita, um álbum que irá certamente marcar uma inversão em termos de popularidade.

Quando se ouve Leave Home pela primeira vez, aquilo que mais transparece é que se está perante um trabalho incerto, uma vez que cada faixa conta uma história, percorrendo vários significados sonoros e mantendo uma ambiguidade tal que, a cada nova canção, embarcamos num movimento diferente.

Percorridas os oito temas que compõem o registo, algo que muitas vezes poderia ser entendido como falta de rumo acaba por funcionar como uma virtude. Aos The Men e a Leave Home podem ser endereçados vários rótulos, dado que acabam por mergulhar tanto numa vertente punk, como no hardcore e até em composições noise e drone, circulando por uma rede complexa de influências, mas que é adaptada e revista à sua maneira.

Leave Home surge, assim, como a reconstrução de um quadro, em que já estando a obra feita, existe a necessidade de restauro. Este disco passa muito por esse caminho, dando cores mais vivas a conceitos criados, mas que necessitam de uma nova abordagem.

Tratamos aqui, então, de algo que poucas vezes opta por toadas que não sejam carregadas de camadas de distorção, feedback e instrumentos estridentes, mas que musicalmente resultam na perfeição. Os The Men conseguem garantir uma característica que é incrivelmente estimulante neste tipo de projecto: o total descomprometimento em relação à perfeição, aqui banhada por uma relação próxima com uma sonoridade que, mormente, parece soar a improviso pouco contido. Todavia, muito bem conseguido.