Que ninguém lhes usurpe o mérito de terem revitalizado o hardcore de travo old school há uma década atrás – foram eles, os Terror, que fustigaram o marasmo. Para o conseguir, precisaram de somente dois registos, um EP e um longa-duração, cujo espaço no lugar dos clássicos está há muito conquistado: Lowest of the Low e One With The Underdogs. Hoje, dez anos depois, o outrora fértil terreno dos californianos está árido e esgotado.
Aliás, nem sequer é arriscado afirmar que a curva descendente dos Terror começou em 2008 com The Damned The Shamed. Criativamente, a banda de Scott Vogel deixou há muito nos bolsos do tempo aquele furioso ímpeto dos primeiros anos de vida, substituindo-o por aborrecidos riffs burocráticos, ritmos mid-tempo e expectáveis breakdowns. Ninguém discute a sinceridade e a devoção que Vogel tem à cena hardcore – Keepers of the Faith, o anterior álbum, não fala de outra coisa – mas será isso suficiente para fazermos de conta que os Terror permanecem musicalmente interessantes?
Este Live By The Code soa repisado e são escassos os momentos em que as enraivecidas ganas nos surgem – Cold Truth tem uma boa parte mosh, a malha homónima quase ameaça embarcar pelas antigas velocidades e Shout of Reality é o melhor momento de todo o registo, com Scott Vogel a cuspir uma daquelas duras verdades: “Life is not fair, no one’s going to help you through, your friends are all fake, no one gives a fuck about you”. O vocalista continua cheio de alma e, lá está, acusá-lo de não colocar tudo em estúdio e palco é uma grotesca injustiça – mesmo que por vezes alvitre umas quantas desnecessidades a outras bandas. O problema é que instrumentalmente os Terror revelam uma fastidiosa veterania e são incapazes de evitar um permanente dejà vu. Dá que pensar: um dos guitarristas da formação inicial é hoje o líder dos Nails, banda que respira vitalidade e agressividade. Enquanto isso, os californianos rodopiam sobre si mesmos, na mesma retórica e nos mesmos argumentos musicais. Alguém lhes pede que inventem a roda? Não. Mas não há como não sentir falta da cólera presente até em Always The Hard Way.
Pegando no título de uma das malhas novas: Not Impressed, Terror, Not Impressed.