Pela décima sexta vez, a pacata vila de Barroselas foi invadida por metaleiros, com o XVI SWR Metalfest a decorrer entre 24 e 27 de Abril. O evento propriamente dito durou três dias e dividiu-se entre os palcos 1 e 2, para os quais era necessário adquirir ingresso. Não sendo uma novidade, havia também a SWR arena, uma tenda extra onde se podia assistir a actuações gratuitas com o apoio da Lovers & Lollypops e Vice – uma espécie de sub-evento intitulado Milhões @ SWR 2013. Como vem sendo habitual, foi neste terceiro palco que, no dia antes do festival, teve lugar a final do W:O:A Metal Battle Portugal 2013, concurso de bandas cujo vencedor toca no Wacken Open Air na final internacional da W:O:A: Metal Battle.

Houve ainda dois concertos de grind, com os franceses Department Of Correction a abrir o dia e os norte-americanos Strong Intention a fechá-lo. Apesar dos segundos se revelarem um bocado mais interessantes com os laivos atrashalhados que apresentam, acabaram por ser dois momentos que muito pouco motivo de registo trouxeram.

Os primeiros de quatro finalistas a subir ao palco foram os Waste, banda de thrash de Viana do Castelo. A jogar praticamente em casa, deram um concerto relativamente competente e foram bem recebidos por um público ávido de mosh, apesar da música algo genérica que apresentaram. Do mesmo mal sofreram também os Skinning, terceira banda a subir ao palco, que apesar de se revelarem mais à vontade neste, fruto da experiência que os seus intervenientes têm em projectos como , apresentaram um death metal que não mostra nada que não se tenha ouvido antes.

Independentemente das preferências estilísticas de cada um, a verdade é que Besta e Utopium eram à partida os grandes favoritos à vitória e as actuações de ambas confirmaram este estatuto para além de qualquer dúvida. No primeiro caso, nem é que a abordagem ao grind/crust seja uma grande revolução, mas têm de facto gente que não só sabe escrever música – prova disso mesmo são as reacções de público e imprensa a Ajoelha-te Perante a Besta e Herege – como sabe perfeitamente o que fazer em palco. No que aos segundos diz respeito, o grindcore com ares de sludge praticado já há algum tempo que deixou de estar apenas na linha da frente daquilo que se faz em Portugal no género para que esta afirmação faça todo o sentido num contexto mais global.

Foram os Besta, inseridos entre Waste e Skinning, quem primeiro confirmou o favoritismo possuído. Mesmo com alguns problemas técnicos no inicio do concerto, resolveram as coisas e o que se seguiu foi um violento despejar de quase duas dezenas de temas em outros tantos minutos. Por cima do fustigar instrumental surgiu com destaque o vocalista Pedro Roque pela forma suja e raivosa com que cuspiu (às vezes literalmente) berreiro do bom.

No que aos Utopium diz respeito, olhar para aquele concerto e pensar que só agora vão lançar o primeiro álbum é assustador. Sem comunicação desnecessária com o público ou um momento de silêncio que seja, as descargas sucederam-se a um ritmo alucinante com uma secção instrumental absolutamente concentrada na tareia que estava a dar e um R. que fazia lembrar uma versão grindcore de Colin H. Van Eeckhout. Já se ouviram temas de Vicious Consolation/Virtuous Totality, como a pesadíssima Null Rousting, ficando excelentes indicações para o que ai vem. No final, e perante os níveis altíssimos de intensidade a que fomos sujeitos, a vitória era inquestionável e assim aconteceu.