Comecemos pelo óbvio: nunca um disco dos Swans será desprovido de desafio, nem nunca a sua audição não será assente constantemente num exercício de coragem e persistência. The Seer eleva mais uma vez este contexto, mas prova também que sem excepção, esse trabalho de audição, é recompensado com momentos de pura devoção a um caos que tão bem sabem criar, quase como se nos guiassem com a sua banda sonora por momentos lunáticos e de loucura.
Sejamos também claros, quem procura um momento de descanso, sem perturbações, não pode contar com este disco. Pelo contrário, com maior facilidade contribui para alterações de completa paranóia, corroendo qualquer momento de acalmia. A verdade é que é fascinante que com um conjunto de temas consiga transformar o estado emocional momentâneo de uma pessoa.
The Seer transmite um turbilhão de estranhas sensações, que podem ir desde a simples ansiedade até sensações mais extremadas, permitindo que se circule entre o repulsivo, mas também o intrigante ao mesmo tempo. É neste aspecto que se tornam preponderantes, as cadências frenéticas que muitas vezes irrompem sem aviso prévio.
Ao fim de doze álbuns de estúdio, os Swans mostram que continuam a desempenhar um papel intenso na constante e vigorosa exploração de novos conceitos. A frequente procura de um caminho certo em que a voz de Michael Gira surge sempre quando mais se precisa dela. De facto, é incrível como numa situação instrumental tão forte a sua voz preenche e compreende um papel tão primordial.
Ao longo de um duplo álbum, a estrutura conferida pelos vários instrumentos é tão superior, que criam um ambiente de chamamento para algo que muitas vezes parece pouco etéreo. A música que constroem é isto, algo supremo, que não encaixa num panorama específico. É essa estranheza e o arranjo nas composições que os torna diferenciadores. Manter a qualidade patente em The Seer por um período tão largo de tempo, só está ao alcance de muito poucos e, comprova-se que os Swans fazem parte de um rol estreito de artistas prodigiosos.
Mais que englobados num estilo, mais que apropriados de qualquer rótulo musical, os Swans são os Swans, superiores a tudo isso e The Seer, demonstra que essa virtude já ninguém lhe pode tirar.