O segundo dia do festival era o mais aguardado, não fosse cabeça de cartaz Eddie Vedder. Mas não só do vocalista dos Pearl Jam se fez a noite para as 35 mil pessoas que, segundo a organização, estiveram no meco.

O palco EDP recebeu Joe Satriani, que rasgou o final de tarde com o dedilhar na guitarra, enquanto alguns festivaleiros abanavam o corpo e as cabeças, uns mais jovens, outros nem por isso – mas essa é a magia do rock!

No mesmo palco, mais tarde, os Pulled Apart by Horses, banda de Leeds formada em 2008, fizeram estremecer o público com um rock pesado, com influências assumidas de Nirvana, Rage Against the Machine ou At the Drive-In. Independentemente de como queiramos rotular o seu som, estes rapazes ingleses montaram um espectáculo com muitas guitarradas e bom de abanar a cabeça. Começavam a cair as primeiras gotas de chuva que acabaram por deixar a sua marca numa noite que viria a ser memorável.

A intempérie provocou alguns problemas técnicos no palco EDP, levando ao adiamento do concerto dos Sleigh Bells que subiram ao palco, já passava das quatro da manhã, depois da actuação, em versão muito reduzida mas intensa, de Cat Power e dos últimos acordes de Eddie Vedder.

Pelos lados do palco principal, o fim de tarde começou com Cults, uma das poucas estreias nacionais no festival. Uma simpática massa humana já marcava lugar de frente para o palco, mas a reacção à dupla Nova-iorquina foi um tanto ou quanto apática.

Lendária foi a actuação do homem-tigre, abençoado pela chuva e louvado por um público que permaneceu colado ao seu rock’n’roll eblues. Profetizando nas redes sociais um espectáculo especial, oone man band acabou por partilhar, neste final de tarde, o palco com outros músicos que trouxeram uma nova roupagem aos temas dos seus três álbuns, em particular de “True”. Com um magnífico desempenho, The Legendary Tigerman ofereceu um espectáculo com direito a uma visita à plateia, com muita intensidade do princípio ao fim, como se não houvesse amanhã.

Woodkid surpreendeu muito do público que não o conhecia, embarcando nos ritmos “militarescos”, marcados pelos três percussionistas que infundiram uma carga épica. A suave e melancólica voz de Yoann Lemoine contrastou com o poder dos metais, os graves da tuba e do trombone e os agudos do trompete. Há algo de clássico nas músicas de Woodkid, principalmente nas introduções marcadas pelo piano ou pelos metais, que deram ao espectáculo um dramatismo cinematográfico em temas mais melódicos como “I Love You” ou o muito aguardado “Run Boy Run”.

The waiting drove me mad”, a primeira estrofe de “Corduroy”, a segunda música tocada, levou ao rubro o público que aguardou impacientemente pelo concerto de Eddie Vedder, que começou com uma hora de atraso. Mas a espera valeu a pena. Sozinho, com uma garrafa de vinho, o vocalista dos Pearl Jam tocou temas dos seus trabalhos a solo, mas foram os da sua banda que levaram o público a cantar. Aliás, em temas como “Black” ou “Better man”, o artista pouco cantou, deixando o público liderar. Tivemos ainda o privilégio de rever Cat Power com o tema “Tonight You Belong to Me” e o nosso Tigerman que o acompanhou à guitarra em “Masters of War”, original de Bob Dylan. Mas as covers não se ficaram por aqui, “Keep on Rocking in the Free World” de Neil Young e até “Imagine” de John Lennon também marcaram esta noite memorável, que incluiu uma incursão do cantor junto dos fãs. Durante mais de duas horas, a maior plateia deste Super Bock Super Rock ouviu inúmeras, talvez demasiadas, histórias, cantou, dançou e sobretudo recordou osPearl Jam.