Mark Kozelek não falha. Desde que largou os Red House Painters e decidiu tornar-se narrador de paisagens com Sun Kil Moon que o cantautor norte-americano, registo após registo, vai desenhando o seu próprio mundo. Among The Leaves ressuscita o lado matinal que se havia ausentado do seu predecessor, Admiral Fell Promises.
Há coisas que não mudam: não é preciso muito mais do que a guitarra e a voz de Kozelek para que as canções de Sun Kil Moon sejam francamente belas, nada mais, nada menos. São simples, são folclóricas, dispensam amplificações artifícios e truques de produção. Mas, se no álbum anterior o ex-Red House Painters fez jus ao título do álbum e falhou todas as promessas de felicidade, este novo álbum é sincero ao ponto de dizer que o passado não importa: e aqui, sim, a beleza de cada canção é um pedido de partilha de uma vida em eterna e amena felicidade.
Claro, não há novidade nas capacidades de Sun Kil Moon e este disco, colocando em comparação uma Sunshine in Chicago, ainda a espreguiçar-se, lado a lado com That Bird Has a Broken Wing, mais noctívaga, mostra que Kozelek arriscou colocar as suas dualidades em confronto. Mostra, também, que o norte-americano não sabe fazer má música. Contudo, expande-se melhor pelo negrume do que por aquilo que é alegria mais típica da folk dos Estados Unidos.