Kylesa, Salome, Sabbath Assembly, Jex Thoth, Dark Castle,Jucifer, Blood Ceremony e, claro, Acid King – todas estas bandas (certamente ficaram várias por referir) partilham semelhanças no género musical que praticam, com uma delas a ser por demais evidente: a utilização da voz feminina. É pouco provável que alguém se lembre de adicionar os SubRosa a esse lote, mas, com No Help For The Mighty Ones, isso é bem capaz de mudar.
Três mulheres e dois homens compõem o quintento de Salt Lake City. Se esta premissa já é suficientemente rara, o som conseguido pelos SubRosa também não faz da ortodoxia o seu trunfo. O doom ambicionado por estes cinco músicos não pretende ser impiedoso e devastador, nem transforma o riff em simples arma de arremesso. E isso deve-se, em grande parte, às três senhoras: a voz celestial de Rebecca Vernon e os violinos eléctricos inquietantes de Sarah Pendleton e Kim Pack (os homens, Dave Jones e Zach Hatsis, ficam a cargo do baixo e bateria, respectivamente) concedem aos SubRosa um lustre diferente, com clara inspiração na psicadelia dos 70’s, no ocultimo medieval e nos escritos de Cormac McCarthy; algo que os faz reluzir no amontado de bandas que por aí vagueia.
E se, por norma, a tarefa de tentar inovar sem cair no “rídiculo” ou no “despropositado” é árdua (ainda para mais, quando se tenta fazê-lo numa área musical que vive de uma certa repetição de estruturas), os SubRosa executam-na com eficiência, alcançando momentos de excelência. Stonecarver, uma das oito faixas do disco, é exemplo disso. Presenteando-nos com doze minutos de uma atmosfera hipnótica, erguida sobre fundições drone e reforçada com um aguerrido e brilhante build up, onde mais uma vez os violinos se assumem como personagens principais (uma constante ao longo do álbum), Stonecarver facilmente se candidata a rainha de No Help For The Mighty Ones e a uma das melhores faixas do ano dentro do seu espectro.
Num disco que fica a dois minutos de completar uma hora, os SubRosa conseguem também combater o aborrecimento que facilmente poderia surgir a partir de uma composição desta envergadura. Se alguém estiver à beira de mandar No Help For The Mighty Ones para o canto, é provável que esse gesto fique adiado quando House Carpenter se fizer ouvir: durante três minutos, é entoada a cappella, pelas três vozes femininas, a velha canção popular inglesa, que antecede a última faixa, intitulada Dark Country – outro dos pontos altos do disco, onde se encontra um clímax cativante, fruto do acelerado tempo e de um final onde todos os instrumentos, inseridos numa vasta gama de layers, se fazem ouvir até restar somente um baixo estremecedor.
Depois de em 2008 terem lançado Strega sem um impacto significativo, No Help For The Mighty Ones provavelmente levará os SubRosa para outro patamar – não é por acaso que a Profound Lore lhes concedeu esta oportunidade. Merecem-no.