O Reino Unido evocado terça-feira passada, na pontualidade e na chuva puxada a vento que bate irritantemente nas nossas testas. Uma procissão dá uma volta de 360º ao MEO Arena. É possível acreditar que algum dia Steven Wilson lá tocasse? Fomos directos para a Sala Tejo.

E mesmo essa foi enorme, um pano de fundo preto tapa-lhe eufemisticamente os limites, aquilo que normalmente parece um campo de hockey. O vocalista dos saudosos Porcupine Tree, um dos últimos redutos do rock progressivo inglês, conversa bastante com o público à sua frente. E precisamos de duas ou três músicas para perceber que o guitarrista não era uma velha de cabelo amarelo, mas sim um Keith Richards mais acabado e armado em Angus Young.

Ao nosso lado, um rapaz novo, sentado, bebe uma coca-cola, a mãe sentada a seu lado com um ar cansado, mas estoico. Trintões seguram o blazer, ostentando a camisa fora das calças. Velhadas estrangeiros de cabelo comprido são apanhados a fumar charros pelo segurança «não se pode fumar aqui, tem um espaço para fumadores lá em cima». Claro, volta masé pro teu canto que eu vou ali pró meio charrar-me à vontade.

Os vários projectos do músico inglês vão desfilando pelo subterrâneo do Parque das Nações. Mas os corações palpitam mais alto é com as canções espinhosas. Primeiro foi com “Lazarus”, no primeiro encore “Sleep Together” e, no segundo, “Sounds Of Muzak” e “Open Car”, que antecedeu o final com “The Raven That Refuse To Sing”. Palco embevecido com a plateia e vice-versa, como deve ser, uma última golfada de calor antes de subir para a tempestade.