Quem é que sentiu o abalo ontem no Porto? Não, não estou a falar daquela coisinha insignificante de 3,1 na escala de Richter. O verdadeiro sismo de dia 13 de Fevereiro  ocorreu durante a noite e foi um tremor muito, mas muito mais intenso e sem explicação científica. Esse fenómeno dá pelo nome de Sigur Rós e trouxe da Islândia um turbilhão de emoções que abalou as fundações do Coliseu e os corações dos milhares que esgotaram essa sala portuense.

Não vou sequer tentar escrever este texto de forma isenta. Não vale a pena. Os Sigur Rós são uma das bandas mais especiais para mim. Estes islandeses marcaram um período muito concreto da minha vida do qual guardo boas recordações com muito carinho e saudade (perdoem-me a lamechice, afinal, hoje é dia dos namorados), portanto não adianta mesmo fingir que sou imparcial. Não consigo e sinceramente, depois do concerto de ontem, duvido que algum dos presentes no Coliseu do Porto consiga alguma vez voltar sê-lo. Foi assim tão bom!

Ainda não passou um ano desde que os islandeses editaramValtari e já andam outra vez na estrada com uma nova tour, nova produção visual e uma série de novos temas na bagagem. A Invicta foi o ponto de partida desta digressão e, portanto, a cidade escolhida para estrear todas essas novidades. Com 11 elementos em palco (para além dos elementos fixos da banda eles faziam-se acompanhar por um conjunto de cordas e um de metais), foi uma estreia irrepreensível. O som, as luzes, as projecções, a banda, a decoração do palco, a voz de Jónsi, as emoções… nada falhou e nada ficou nada de fora.

No alinhamento, entre 4 novos temas, entraram quase todas a mais importantes canções da banda e percorreram-se fielmente os seus vários trabalhos editados. Curiosamente, de Valtari apenas se um tema, mas não faltaram visitas aos discos mais antigos comoÁgætis Byrjun e ( ). Houve momentos inesperados como Ny Batterie outros mais previsíveis, mas nem por isso menos intensos, como a magia nostálgica de Hoppípola e o brilho fulgurante de Glosóli. Sei que a palavra “apoteótico” é usada demasiadas vezes para descrever os momentos altos dos concertos mas, confiem em mim, só esse adjectivo pode fazer justiça a Popplagið  e à forma absolutamente avassaladora como este concerto memorável terminou. Inesquecível!