Já com meia hora de atraso, os Constants surgiram em palco, tentando conquistar atenções aos que se espalhavam pelos recantos da República da Música. Conhecidos por terem o “patrocínio” de Justin Broadrick, os norte-americanos nem por isso obtiveram grande sucesso com os seus esforços. O post-rock por eles praticado, não sendo mau, raramente tem momentos que ultrapassam a barreira do genérico e o público, esse, não se mostrou estimulado. A contribuir para uma performance olvidável, esteve o som, que colocou em evidência aquele que é o ponto mais fraco do grupo: a voz. Assim que Will Benoit decidia puxar das cordas vocais, a sua desafinação ficava claramente exposta, emparelhada com um feedback desagradável. Talvez numa próxima oportunidade os homens de Boston consigam deixar uma melhor impressão.
Seguiu-se Sam Alone, projecto conhecido por mostrar a outra face de Poli Correia, vocalista de Devil In Me e Cascavel. Durante os cerca de três quartos de hora de actuação, o hardcore foi colocado de lado, dando a ribalta ao folk/blues bem na tradição sulista dos Estados Unidos. Fruto das sucessivas intervenções de Poli, o público lá se foi aglomerando diante do palco, chegando a entoar alguns dos refrães, numa actuação que mostrou igualmente o talento dos The Grave Diggers (especialmente o guitarrista solo e o teclista), músicos que acompanham Sam Alone. Um concerto sólido, que conseguiu despertar uma plateia até então adormecida, principalmente quando foram jogados os trunfos Because The Night (cover de Patti Smith) e Youth In The Dark, single do novo álbum.
O calendário já marcava 19 de Fevereiro quando os Sights & Sounds deram oficialmente início à sua visita a Lisboa, três anos depois de terem estado em Almada. Munidos, como é tradição, de um jogo de luzes simples, unicolor, mas eficaz, os canadianos conseguem criar uma atmosfera cativante, capaz mesmo de fazer frente a um desequilibrado som, que debelou os primeiros momentos de Storm & The Sun. Restam poucas incertezas de que Monolith, o único álbum da carreira dos Sights & Sounds, ganha uma dimensão portentosa ao vivo, seja pela parede sonora que os irmãos Neufeld tentam imprimir, seja pela voz claramente mais rasgada de Andrew, treinada por anos ao serviço dos Comeback Kid.
Mesmo com uma casa a meio gás, os canadianos conseguiram um concerto de bom nível, onde por entre uma imponente Neighbours(das poucas onde o público se fez claramente ouvir) e uma sentidaSorrows, o vocalista foi contando a sua relação de amizade com Portugal, especialmente com Poli – que terá no passado acudido aos canadianos, numa altura em que estes perderam todo o seu equipamento e bagagens. Ainda assim, Andrew Neufeld acabou, também ele, por notar de que a plateia estava mais silenciosa do que o habitual. “Então, que se passa? É Carnaval!”, afirmou o frontman, intrigado por alguma apatia que marcou quase toda a noite de concertos na República da Música. Apatia que, todavia, não impediu que os presentes se fizessem ouvir quando lhes foi perguntado se queriam mais. Houve mais e os Sights & Soundsdespediram-se de Lisboa como já é costume: com um sorriso estampado na cara.