Se no final da década passada o screamo deixou de ser uma palavra feia, a culpa é destas três bandas e pouco mais. Depois de vários anos em que o screamo foi sinónimo de penteados esquisitos, refrões cantados e (gulp) batidas azeiteiras com berros por cima, a cenário mudou. É claro que no underground as coisas eram vistas de outra forma e haviam boas bandas dentro do género, tanto na Europa como nos EUA, mas aquele meio-termo entre o DIY completamente desconhecido e o mainstream estava muito mal frequentado. Touché Amoré, La Dispute e estes PBtT vieram, de certa forma, acabar com isso.
Já o disco em si, é o que se esperava depois do excelente Old Pride, de 2009. Não há aqui nenhuma revolução, nenhuma reinvenção, mas há uma solidez e uma consistência que justifica a aparente falta de risco nas composições. A banda tinha prometido faixas mais negras e mais pesadas. Cumpriram, sim. Todas as características que podemos/devemos esperar de um bom lançamento deste género estão presentes em The Lack Long After– a intensidade, o caos e a honestidade. Em muito ajuda a performance do vocalista Kyle Durfey, que grita com a urgência de quem tem algo a dizer e não pode mais guardá-lo para si. As letras de Durfey, todas em volta do desaparecimento do seu pai, são tão honestas e vulneráveis que a sensação, para quem as lê ou ouve, é a de estar a ler páginas soltas de um diário, rabiscadas à pressa, com a escrita tremida. São 37 minutos, oito faixas, sempre algures entre a imprevisibilidade rítmica de uns Orchid e a sensibilidade melódica e capacidade de escrever canções de uns Thursday.
Um dos melhores discos deste ano, Hurry Up, We´re Dreaming, deM83, proporcionou-nos um regresso aos anos 80. Já este The Lack Long After leva-nos de volta à explosão screamo do final dos anos 90, aos tempos dos pg.99 e Funeral Diner. É, talvez, o follow-up que os City of Caterpillar nunca escreveram. OuçamGood Times e digam lá que não parece mesmo. E não há, neste contexto, muitos elogios maiores que este.