Oriundos do Canadá, em Vancouver, os Nü Sensae iniciaram-se em 2008 como um duo composto pela vocalista/baixista Andrea Lukic e pelo baterista Daniel Pitout. O seu percurso remete analogamente para o do nascimento e crescimento, ou antes: “vivendo se aprende!”. Mas, ao contrário dos ordinários indivíduos, este fez-se, até então, apenas em torno de uma linha em ascensão positiva.

Logo desde o primeiro lançamento no ano da partida, até 2010 com o editar de TV, Death And The Devil, o balanço entre reconhecimento e receptividade, somado e dividido por qualidade, revelou crescimento contínuo. Em 2011, o guitarrista Brody McKnight trouxe mais imput criativo; e, no ano seguinte, o lançamento do portentoso Sundowning empurrou a banda para o crescimento exponencial, tornando-a referência no que ao punk diz respeito.

Mas antes de tudo, isto a ZDB, como é habitual, investe (e bem!) em projectos da nossa praça para as aberturas – o duo 100 Leio, oriundo da Cafetra Records traz-nos o seu álbum de estreia Gang$tar. Com Lourenço (Nacho) na voz e guitarra nas mãos, acompanhado por Mary na bateria, interpretaram canções rápidas com ritmos joviais de guitarra, e a vozinha de Nacho a desfilar em permutas de bateria. Apesar da guitarra dançar frequentemente em boa sincronia com Mary, o cérebro começa a imaginar o que um bom baixo faria ali; no entanto, os dois tinham bastante boa onda, mas esta, mesmo com o coração na t-shirt do vocal, não lhes valeu qualquer amor do pessoal – até lá de fora vinham bitaites escusados e praticamente só foram aplaudidos à saída. Uma má recepção a um projecto, que, ao invés de desmotivar, deveríamos acarinhar.

Andrea andava já a passear pelo palco: parecia que procurava algo, acabando logo por aparecer mais dois. Daniel Pitout senta-se à bateria já sem camisa e o guitarrista Brody McKnight pega na guitarra. A vocal lá ligou o baixo mas ainda demorou, em meio à conversa e afinadelas, até que Swim desse por iniciada a actuação. Uma grande malha mas não soou na plenitude: o baixo não se ouve bem e a voz de Andrea sai como se o aquário estivesse deveras submerso. No fim da música é preciso “more bass, more vocals” e “more money!”, grita um assistente. Numa noite rica em saídas parvas do público, esta merece destaque, pela pertinência.

Adrenalina é o que não falta ao trio, à exepção das intermitências para o início, não mais se registaram momentos mortos. Malhas do disco Sundowning são estilhaçadas em demostrações de punk puro, rápido e rasgado em temas como Tagna ou 100 Shapes. Houve também uma cena mais gunge, com Andrea e Pitout a trocarem de lugare em Say What You Are. Tratou-se do único momento calmo do concerto. No entanto, não houve qualquer assimetria entre o semblante da pouca plateia nesta ou em faixas como Dust.

Mas que calmaria impregna a ZDB: o público até se tornou mais numeroso mas energia só mesmo para a língua. Apenas de quando em vez um aventurado lá se mexia dentro de um diâmetro maior que o metro quadrado. Na saída para o encore, à semelhança, mas sem os contornos de enxovalho dado aos 100 Leio, a ovação foi de longe a mais retumbante e repenicada do concerto. A vocal, a bem dizer, nem saiu do palco, e os outros dois elementos voltaram rápido; rápido foi igualmente o encore, desferido em golpes intolerantes da voz de ralhete de Lukic. À saída de palco novamente muitas palmas e incentivos. Irresistivelmente uma conclusão me assombrou, proveniente de premissa popular tuga, do género: “não quero mais mas, já que paguei o bilhete, quanto mais, melhor!”.