Lia-se em letras gordas, à entrada da Galeria, “ESGOTADO”. Era evidente: esperava-se uma noite marcante. Pouco passava da hora marcada para o início do concerto quando os Lucky Dragonsdavam os primeiros passos em palco. A palavra de ordem do concerto deste duo americano foi experimentalismo, talvez levada ao extremo. Mas algo é inegável: este par gosta do que faz. O prazer que demonstravam na sua forma exotérica de fazer música acabou por contagiar muitos dos presentes, que no final já dançavam e se mexiam como a música melhor permitia. Mas nem todos se renderam – aquela era a noite dos No Age.

Depois de uns curtos minutos tirados para verificar se tudo estava pronto para o concerto, o duo de Los Angeles faz-se sentir na sala, apesar já se encontrarem em palco há algum tempo. Soaram os primeiros acordes e já todos estavam rendidos ao espírito Punk da banda – faltava apenas que eles se juntassem à festa de um público insaciável. Daí até ao primeiro crowd surf demorou apenas o tempo do baterista/vocalista Dean Spunt dizer “the first one to crowd surf wins a free t-shirt” – e aqui tudo perdeu o controlo. Em segundos formou-se um amigável, mas intenso, mosh pit e não paravam de surgir caras novas a passear por cima do público. Demorou um pouco, mas nem os americanos resistiram ao ambiente, acabando o guitarrista Randy Randall por fazer um stage dive e até por se perder a tocar pelo meio do público, enquanto o companheiro cantava em cima de uma cadeira, bem alto onde todos o viam.

De fora, espreitando pelas janelas, uns quantos azarados viram uma sala esgotada completamente deliciada com a atitude dos No Age, num concerto em que, no fim, nada faltou. A banda, apesar de no início ter perdido algum tempo entre músicas, possibilitou um alinhamento eficaz, mais centrado no último nouns, e acabou por deixar muito do que tinha naquele palco; do público não se podia esperar mais, pois esteve sempre em pulgas. Uma noite que acabou por não ser tão marcante quanto se queria, mas também não há-de cair no esquecimento.