Os Grankapo atravessam uma fase de sangue renovado, com The Truth, álbum que está a ser gravado e que será lançado ainda este ano. Já com os olhos postos no novo registo, a banda lisboeta de hardcore ofereceu uma actuação sólida de 45 minutos, que não esqueceu os temas de Confessions (2008), como Life Goes On ouMan Killing Man. Pelo meio, ainda houve oportunidade para chamar Ricardo, vocalista dos For The Glory, para uma participação especial numa faixa. Em suma, um bom concerto dosGrankapo, que, no entanto, não agitou por aí além o Revolver.

Já com os Mata-Ratos o assunto foi (bem) diferente. Vários dos presentes estavam ali claramente para ver esta icónica banda portuguesa – cuja carreira se iniciou no longínquo ano de 1982 – e, durante quase uma hora, os Mata-Ratos responderam com um concerto impactante. Com um punk puro, enraizado em letras que vão do humor à intervenção social, o grupo português distribuiu hinos do underground português, como CCM, Paralisia Cerebral,Raça Humana Raça Superior e a clássica A Minha Sogra É Um Boi. A fechar, Leis de Merda, que foi um exemplo sintomático de todo o concerto: mosh, muito sing along e cerveja a voar em todas as direcções.

Os Murphy’s Law inserem-se no espectro do hardcore de New York, mas, como facilmente se comprovaria, ainda olhando para o palco antes do concerto se iniciar, não são propriamente uma das bandas mais ortodoxas da cena nova iorquina. Na montagem de equipamento e no soundcheck, junto à bateria, baixo e guitarra, encontrava-se Raven, saxofonista, elemento pouco comum numa banda que nasceu no punk hardcore americano de início dos anos oitenta.

E quando o concerto se iniciou, os Murphy’s Law mostraram que ao vivo preferem dar ênfase ao lado ska/reggae da banda, inspirado na tradição dos Sublime ou daquela mescla que os Bad Brains iniciaram com I Against I, conferindo-lhe um peso semelhante à parte hardcore. Seja como for, os americanos instalaram a festa, regada tanto a cerveja, quanto a uns charros, que iam passando de mão em mão, entre público e banda. E foi também público adentro que o vocalista Jimmy Gestapo e Ravenentraram, num jam contínuo, de quase dez minutos, fazendo recordar aquelas parties underground tão bem impulsionadas por Brad Nowell e companhia. Até a luz faltou durante momentos no Revolver.

Em simbiose completa com a plateia – duas fãs até foram chamadas ao palco por Jimmy -, os Murphy’s Law deram um banquete de boa disposição, munindo-se de faixas como What Will The Neighbours Think, Quest For Herb e Woke Up Tied Up. A fechar, Head Kicked In, faixa que serviu para Jimmy agradecer ao público por uma excelente estreia em Portugal. E a festa ainda continou para além do gig…