Thirty quids, mate, eu quero três frasquinhos só para mim. A noite calças luvas negras, de renda, segreda-me pelo pescoço mentiras de hálito quente; uma madrasta doce que te engana num charme barato, as ruas que te rangem os dentes quando passas de cabedal-arlequim, a morena de cicatrizes efébicas que te aguarda sem sequer saber, as pernas confia-em-mim de uma punk que te pergunta pelo tabaco num frio sopro de Março, para onde vais a seguir? Não sei, e tu, banalidades de uma noite que veste cetim, de cinzeiros que balbuciam de estômago farto, sussurros de encorajamento quando lhe beijo o chão, quando lhe devoro os pés, vazios sorrisos como relógios de morte em bochechas translúcidas de vício, gengivas de amor branco por receber, o éter que flutua violeta num abraço salgado, inspira, hhhhhmmmmainda tens ali, o ar espástico de um prazer ordinário que foi cumprido sem lhe conhecermos o pulso.

A noite mostra-se às janelas doentes de solidão. E aqueles olhinhos minúsculos aguardando sentença, e os castanhos saltos Louboutin que lhe encurvam a alma, e as unhas cor de osso que me saboreiam a carne, e os caracóis numa verve bruta de pálpebras trancadas, cones de luz tombam do céu para te iluminar entre coxas, trezentos e sessenta e cinco dias por ano sem mediação. Canetas de ponta de feltro desenham-me amores imperfeitos, ololiuhquis sem esperança, lábios que rosnam por mais, por mais, por mais, ganchos avermelhados que te rasgam a ganga pelos joelhos, queixumes metacinemáticos banhados a água-de-colónia, hidroxilas que se desprendem num carrossel farto de girar só para te agradar, a densa carpete que se afunda num rés-do-chão sem saída.