É curioso que as abordagens nórdicas ao doom, com incidência particular na Suécia e Noruega [a Finlândia, como em tudo, é um caso à parte], acabem invariavelmente por encontrar o psicadélico como fio-condutor. A influência de Electric Wizard é tanta que já esticou as saias pelo Mar do Norte e parece agora assombrar perpetuamente os confrades loiros que vivem mais a leste. Pense-se nos Snailking, nos Saturnalia Temple, nos Ocean Chief ou até mesmo nos Kongh. Partilham entre si uma servitude ao riff enquanto exploração mental, enquanto abstracção, e não tanto enquanto chave para uma narrativa decadente sobre o quotidiano. Digamos que com os Monolord o espaço psicotrópico, a arena sobrenatural, é sempre mais interessante do que relatar uma hipotética depressão, como tão bem fazem os de raça sludge.
Há então em “Vænir” óbvias semelhanças musicais a Electric Wizard. A voz de Thomas Jäger, limpa e saturada de reverb, é um clone sueco de Jus Oborn e as guitarras cruzam o peso que lhes sempre é exigido com uma melodia que não afasta os mais susceptíveis. Por muito aí se justifica que hoje os Electric Wizardagradem a tantos ouvidos e, por exemplo, projectos como Noothgrush ou Corrupted pareçam indiferentes, como que colocados de parte, ao frenesim que hoje celebra o stoner/doom como a grande trend na música pesada. É mais fácil ao ouvinte comum escutar os primeiros do que os últimos.
Há também em Monolord bastante de Ufomammut, outra banda que tem óbvia responsabilidade na cena europeia. Se escutarmos o groove final que faz de “We Will Burn” talvez a melhor faixa de todo o registo, lembramo-nos de como os italianos já eram essenciais bem antes de a Neurot os chamar aos Estados Unidos. E como ser apelidado de copycat não é insulto no doom, ou não andássemos todos a reciclar riffs de Black Sabbath há quase cinquenta anos, os Monolord executam o pastiche com a fidelidade absoluta de quem estudou os livros certos. Sabiamo-lo desde “Empress Rising”, esse primeiro disco editado em 2014, e confirmamo-lo agora com “Vænir”.