Na apresentação de For My Parents, os Mono referiam que este seria um álbum centrado na alegria e que esse processo era provocado mediante um percurso entre a escuridão e as trevas. Verdade seja dita, se era esse o objectivo e a função do mesmo então, está completamente cumprida.

É indesmentível que o disco é adorável, doce, emotivo, épico e, lá está, alegre. No entanto, apesar de toda esta doçura, é inevitável não se sentir a ausência de uma componente essencial e primordial na música dos Mono. Ou seja, a rudeza e a crueza das guitarras que sempre se encontrou no seu som parece agora perdida para dar apenas lugar às composições mais orquestrais e a um papel cada vez mais preponderante de outras cordas que não as da guitarra ou do baixo. É neste binómio entre a carga crua e emotiva que For My Parents parece desapontar.

No fundo, ao sexto longa-duração e depois da obra-prima Hymn to the Immortal Wind, parece que os japoneses se mantiveram na sua zona de conforto, acabando por fazer uma ligação lógica com o seu antecessor e a explorar e aprofundar ainda mais o conceito orquestral. Não inovaram nem se reinventarem, e será este o disco que lhes garantirá uma maior exposição e porventura, o momento em que chegarão a um ainda maior número de público.

O excesso de cordas acaba por suprimir e esconder outros instrumentos, nomeadamente a bateria que se cinge a um papel simples, o que acaba por ser uma pena, já que este sempre foi um elemento caracterizador dos crescendos e decrescendos que osMono empregam no seu som. Agora, parece confinado a um papel de pequeno suporte e acompanhamento, podendo estar também aqui explicada a falta de peso deste álbum.

For My Parents é extremamente cinematográfico, mais que qualquer um dos outros, remetendo para imagens e para a construção própria das mesmas. O som dos Mono define-se por música extremamente emocional e baseada numa espécie de transmissão e elos concisos entre a banda e quem a ouve. E este papel é, mais uma vez, conseguido, tendo a capacidade para remeter o ouvinte para paisagens e momentos pessoais, garantindo a apropriação das suas composições.

Depois de Hymn to the Immortal Wind, era impensável que fosse possível fazer novamente algo tão grandioso. For My Parents vem comprovar essa ideia. Os Mono não acabam aqui, longe disso. Mas talvez este seja o primeiro de um caminho que os levará para longe daquilo que fizeram em You Are There ou em One Step More and You Die. Resta decidir quem os segue ou quem decide ficar para trás.