Nos jogos de futebol lá na escola, havia sempre alguém que se lembrava de dizer “não vale bujardos”. Inevitavelmente, esse tipo acabava por levar com um estoiro na cara. Aos Monarch, parece que alguém lhes disse que “não vale tão alto”. Chatearam-se e foram chamar um reforço para a equipa.

Ao sexto álbum, o trio de Bordéus decidiu procurar no mercado norte-americano um tipo pronto a dar cacetada. Um destruidor de jogo. Encontraram-no. Chama-se Rob Shaffer e toca bateria no sDark Castle, que por sinal também não são lá muito meigos, tendo oferecido também uma aos YOB na última tour europeia. O resultado, pois, é uma entrada a pé juntos.

Omens traz-nos então os Monarch de volta, dois anos depois deSabbat Noir. A lentidão permanece intacta, abraçada a uma hipnotizante abordagem drone, onde Emilie Bresson faz questão de berrar como aquilo que imaginamos ser um demónio apopléctico. Soltando as entranhas como poucos (e poucas) fazem, Emilie é rainha da agonia, e nem quando angelicalmente canta no início de Black Becomes The Sun, a densa e negra atmosfera parece desvanecer-se.

Afinal, os feedbacks nunca sossegam e os acordes eternamente submergidos no opaco oceano do low tune parecem perpetuar-se, quase como se tivessem pegado na deixa final do último álbum dos Corrupted, extraindo-lhe toda a melodia. Há até uma semelhança clara entre Omens e Garten Der Unbewusstheit: ambos são compostos por três faixas, onde primeira e última actuam como o epicentro e a segunda como ponto de ligação. Se no disco dos japoneses essa junção se faz a partir de uma guitarra acústica, no caso dos franceses os quatro minutos de interlúdio parecem soar aos Menace Ruine numa espécie de aquecimento para a débâcle.

Omens é mais um mosaico no sombrio e ritualista mural dos franceses e uma viagem de trinta e cinco minutos que tem tanto de excruciante, como de atractiva, um pouco ao estilo da mórbida beleza que os Khanate patentearam durante os seus anos de vida. Mas Omens coloca, também, os Monarch num patamar abaixo. E isto só quer dizer bem: quanto mais longe da superfície, mais longe da luz.