Ansiar pelo melhor álbum da carreira dos Meshuggah em 2012 seria colocar a fasquia demasiada elevada. Ao longo dos últimos vinte anos, esta matilha sueca definiu-se de tal forma que, hoje em dia, já há uma série de bandas que não têm medo de afirmar que praticam uma abordagem musical Meshuggiana – e até lhe dão um nome: djent.

Basicamente, registaram patente em 1995 com Destroy Erase Improve e, desde aí, têm vindo a construir uma muralha de tal forma imponente que não surpreende que este Koloss seja um dos maiores sucessos de vendas de sempre da Nuclear Blast, na primeira semana nas prateleiras. Os Meshuggah são uma marca por si só e ergueram-na com base nas suas complexas estruturas rítmicas, nos riffs de tonalidade mecânica e numa abrasividade particular. Ora, seria fácil catalogar somente Koloss como mais um disco que segue a receita típica. Mas, que raio, não é.

Como se quisessem dar um curso intensivo ao chorrilho de grupos que lhes tenta seguir as pisadas, os Meshuggah decidiram baralhar e dar de novo. Sem obviamente deixar cair no chão os elementos básicos, os suecos conceberam um álbum com um som distintamente fluído dos demais. Há algo de bizarro na forma como o quinteto decidiu pegar, por exemplo, o boi pelos cornos em The Hurt That Finds You First, quase como se quisesse desenvencilhar por uns minutos da complexidade rítmica de sempre. Até a tarola se faz simples, crua – será o Tomas Haake a dizer que ainda é um tipo que gosta de tocar a Damage Inc. nos tempos livres?

ObZen fez recordar um daqueles atletas que dá importância em demasia ao cabedal e se esquece que a agilidade também é fundamental. Soou demasiado férreo e denso. Em Koloss, osMeshuggah vão à box, libertam peças desnecessárias, ganham aerodinâmica e dão mais uma volta de avanço à concorrência. Colocam de lado uma auto-masturbação desnecessária (nós já sabemos que eles são reis do drible do contra-tempo, não precisam de nos fintar novamente) e recuperam um groove que parecia esquecido na dispensa, desde o virar do (new) milénio (cyanide christ).

Ah, qual concorrência?