O melhor do icónico nome dos Master Musicians of Bukkake é, além da óbvia utilização do termo japonês, a veracidade das primeiras duas palavras. Ainda que por pura brincadeira, não deixa de ser factual que os seus membros são verdadeiros génios, dotados de uma capacidade de se metamorfosearem pelos seus instrumentos em mil e uma sonoridades, todas parte sistemas solares diferentes. Não só a sua carreira extra cerimónias totémicas é prova disso, como o próprio percurso que a banda assumiu nos últimos três anos com a sua trilogia serviria para os incriminar de perpetrarem maravilhas musicais pelas mãos de Horacio Caine.
Não se trata de um descuido por parte da banda, nem de falta de zelo, mas as pequenas evidências, por muito que se tratem de pormenores, não se podem esconder para sempre, nem mesmo por detrás de mantos, máscaras, ou de uma atitude simples e humilde relativamente ao que se tem vindo a fazer. O novo Totem Three, fim desta estória de três capítulos, traz-nos a faceta que faltava não só para aperfeiçoar o som da banda de Randall Dunn, mas também o ambiente que não se afirmava no catártico primeiro álbum, nem no observador segundo ensaio.
Em Totem Three, desde cedo que, de forma mais acústica, de guitarras acústicas, violinos e vozes menos estridentes, quase angelicais, sobressai a vontade de alegrar os ânimos com pura felicidade sónica em In The Twilight Of Kali Yuga, ou mesmo, de forma mais dopada, com a Prophecy of the White Camel / Namoutarre. Diria, mesmo, que é impossível ouvir a segunda faixa do álbum, acima mencionada em primeiro lugar, sem entrar num êxtase de felicidade; enquanto tudo isto se desenrola, os momentos ritualísticos da banda, à boa moda dos interlúdios, preparam cada epifania.
Ou seja, mesmo que os ambientes sejam ligeiros, as revelações a que os Master Musicians of Bukkake nos conduzem continuam a ser de proporções superiores à existência humana – pelo menos até que os norte-americanos destruam tudo com a demoníacaFailed Future, quase a vaticinar os meses futuros da sociedade ocidental com uma melodia profética, chamada pelos mafarricos do além, em vozes quase black metal.
Quase como os Secret Chiefs 3, os Master Musicians of Bukkake não têm casa, mas reservaram um lugar nos corações dos mais sensíveis. É impossível resistir às suas estórias totémicas, e ainda bem. Há pouca coisa tão deliciosamente do coração deste mundo como a sua música – e continua a não existir superfície para a receber.