As expectativas para se assistir a um concerto de Post-Rock em pleno ano de 2016 têm que ser baixas. É uma cautela óbvia e avisada tendo em conta o percurso do género e nomeadamente o estado da arte da coisa: cada vez mais cheira a bafio a pretensa intensidade emocional, os múltiplos crescendos ou os dedilhados infinitos. É, portanto, exercício complicado à priori.

Se a esta ideia se adicionar o facto de a primeira banda da noite (que, faça-se justiça, não é exactamente um protótipo no que ao post-rock diz respeito) estar a tocar um lançamento com quase sete anos, poder-se-ia entrar em campos que interessariam a Teixeira de Pascoaes, mas muito pouco a quem só queria mesmo era ouvir música. No entanto, re-ouvir Älma (2010) tem as suas vantagens para além do saudosismo: para começar ouvir um dos temas mais genialmente intitulados em língua portuguesa – “Aqui em baixo a alma mede-se com mãos cheias de pedras” – e, simultaneamente, a melhor faixa do EP. Na actual experiência ao vivo, o elemento mais claramente datado do trabalho (o teclado) ganha uma densidade bem diferente e que, pode-se até arriscar afirmar, faz com que haja mais corpo e mais peso em Löbo, o que nunca poderá ser mau, mas simultaneamente há também ideias que não são muito habituais e que enriquecem o som da banda criada em Setúbal. Durante pouco mais de meia hora, a viagem ao passado foi mais uma reinvenção do que uma repetição, evitando o que seria mais temido e lançando boas perspectivas em relação ao que há-de vir.

Numa direcção bem oposta esteve o concerto de Memoirs of a Secret Empire. Mesmo com as cautelas iniciais presentes, o Post-Rock dos homens de Vouzela recorre a uma fórmula já bem conhecida e sobretudo, saturada. Saúda-se a intensidade e os momentos mais ruidosos mas o que se assistiu na apresentação de Vertigo (2016) foi pouco mais que um resumo de tudo o que se tornou banal no género. Não que haja algo fundamentalmente errado em MOASE, porque na verdade não há. Não se torna é fácil encontrar algo positivo quando o rasgo é inexistente, as estruturas previsíveis e nada verdadeiramente memorável. Foi um concerto de Post-Rock decente. Em 2016.