Em Lisboa estamos habituados à tendência dos concertos nunca começarem a horas, mas atrasos de mais de uma hora estão completamente demodé. Enquanto a espera tardava a terminar, Kid Congo que também já deambulava pela sala há algum tempo, sobe finalmente ao palco com os três Pink Monkey Birds.
Postura serena e de braços acanhados a pegar na sua guitarra, encosta os lábios ao microfone e suspira “we want to be real” como mote de entrada para o espectáculo. O público, a partir da terceira música, envolve-se numa dança entusiasta levados pelo som da guitarra e pela voz envolvente do Kid que nos fez acordar os músculos até ao mindinho.
Para cada música existe sempre uma história caricata ou um lema curioso que o músico faz questão de partilhar. Enamorada pela sua simpatia uma fã devota sopra bolinhas de sabão para o palco, incrementando o cenário idílico do rockabilly no palco do Sabotage.
De fato a direito com listagens verticais, camisa laranja, gravata excêntrica e um Ushanka demasiado quente, desliza os seus sapatos branco de couro ao som de “She’s like heroin to me”, uma cover de The Gun Club da qual fez parte na década de 80. Entre a multidão avista uma t-shirt de The Cramps e lança uma piada dizendo “I see my face in there”. O facto de Kid Congo ser um dos membros primeiros membros na banda lendária do punk dos anos 70, fez com que muitas pessoas quisessem estar presentes nesta noite – Saudosismo por The Cramps.
Prosseguimos viagem para Boulevard Las Vegas de onde nasceu “I found a Peanut”, passamos pelo parque de diversões “Ricky Ticky Tocky” e estacionamos novamente numa cover de The Gun Club “Sex Beat”, agitando o público. Uma hora passou e nem demos conta com tamanho frenesim de emoções. The Pink Monkey Birds pedem mais uma rodada de cerveja, servindo de combustível para um bafejante encore.