Alguns minutos atrasado, o som e a agressividade de Testamentjá emanavam por todos os lados do Pavilhão. A fila para a plateia em pé já se alastrava, mas o movimento estava suave e eficaz. Dentro do recinto, já o chão tornava a sola do sapato pegajosa.

Pessoalmente, não possuo conhecimento profundo sobre Testament, mas estes senhores fizeram-me entender o porquê de serem considerados um dos grupos mais influentes da cena do Metal e acompanharem bandas do calibre de Megadeth e Judas Priest.

Finalizaram com uma música do mais recente álbum intituladaFormation of Damnation e, 40 minutos após o início, os Testamentdeixavam o palco livre para os seguintes artistas.

Depositando mais esperança no seu som do que propriamente no espectáculo visual, Dave Mustaine, acompanhado pelos seus Megadeth, entra no palco e leva o público ao rubro. Naquele momento, qualquer corpo se mexeria, independentemente da música tocada. Mas a música inicial escolhida foi a Sleepwalker, como em todos os espectáculos anteriores da tourné.

No entanto, foi com À Tout Le Monde que a voz do ‘mar negro’ se fez ouvir e foi a música mais cohecida e difundida pela banda, Symphony of Destruction, que mais levou a que o público levantasse os pés do chão naquela noite.

O líder de uma das bandas mais prestigiosas do Thrash Metal pecou especialmente por tocar a She-Wolf em detrimento da Tornado of Souls, um dos clássicos preferidos pelos fãs do grupo, muito embora tenham compensado essa falha ao introduzirem a música de título francês, que foi possivelmente aquela que mais emocionou o público, consequentemente levando-o ao rubro de forma mais pacífica.

Uma hora de emoção passada, Dave abandona as luzes da ribalta. Foi este o maior intervalo do concerto. Valeu a pena porque, assim que os Judas Priest começaram a tocar, após o fumo espairecer, deparei-me com um palco completamente remodelado, com um cenário de plataformas fantástico, sendo que Scott Travis, o novo baterista do grupo passou o concerto na sua totalidade no topo da plataforma, mostrando os seus dotes de malabarista ao atirar pelo ar uma baqueta de cada vez em várias ocasiões do espectáculo, que teve início com Dawn of Creation, a intro, e Prophecy, ambas do novo álbum de nome Nostradamus.

Os Padres a fazerem valer o título de Metal Gods ao tocarem a música com o mesmo nome e muitos outros clássicos que vieram a inspirar inúmeras obras-primas do Metal como o conhecemos hoje. Refiro-me, logicamente, a pedaços de genialidade como Breaking the Law, Electric Eye, Sinner Painkiller e muitos outros, reproduzindo, no final de contas, uma set list imaculada.

Nem sequer esqueceram o hábito de trazerem a mota personalizada, já um dos muitos ícones da banda, perto do fim do espectáculo. Ainda foram capazes de demonstrar uma óptima interacção com o público durante todo a sua actuação mas, especialmente, quando Rob Halford voltou sozinho ao palco com a bandeira de Portugal às costas, antes do encore.

Esta é, com certeza, uma das tournés com mais potencial dos últimos anos, juntando ícones, clássicos e espectáculo duro até ao osso.