Com o TMN ao vivo longe de estar cheio, mas bem composto para receber uma banda que não vinha apresentar um novo álbum, seriam muitos aqueles que esperariam uma actuação baseada nos temas de Acme-Plus ou Orange.
Olhando para a carreira dos Blues Explosion poderá ser dito que serviram de influência para muitas bandas que, actualmente, executam uma versão de rock n roll ou punk com expansão para outras premissas. De facto, Jon Spencer já executava tudo isso há alguns bons anos. Assim, aquilo que se esperaria era que todas as componentes funk, soul, hip-hop e até spoken word, que se ouvem nos discos, seriam transpostas para o palco. Infelizmente, não foi assim que aconteceu e aquilo que mais se presenciou foram as vertentes sonoras mais pesadas da banda, ou seja, a ferocidade do punk e do rock desenfreado, o que acabou por se tornar em largos momentos, redutor. Sentia-se a necessidade dos blues que dão nome à banda e também de todas as outras diversidades musicais que foram empregues nas propostas discográficas do passado.
Apesar da frase Blues Explosion ter sido o conteúdo mais pronunciado durante todo o concerto, a verdade é que se houve explosões e estilhaços com fartura, de blues pouco se notou. Como consequência disso, as explosões deram origem a circunstâncias em que o trio parecia estar a cumprir um set em piloto automático prestes a descarrilar.
Se em álbum a voz é um dos elementos preponderantes, colocando-se ao dispor de todas as noções sonoras, ao vivo a mesma notou-se embrulhada no resto dos instrumentos. Como tal, muitas foram as situações em que não se presenciou como uma força essencial e estimulante. Como desculpa, poderá surgir também a má gestão sonora da sala que conseguiu prejudicar de forma evidente o som que se propagava no espaço.
Antes do encore, viveu-se o melhor período da noite, quando Blues X Man foi tocado e tornou-se um dos raros instantes em que os solos de Jon Spencer e Judah Bauer não se tornavam demasiado prolongados e, como tal, desinteressantes. Portanto, a fazer lembrar o quão foram importantes os Blues Explosion na miscelânea de rock com blues.
Ao longo de cerca de hora e meia de actuação, aquilo que se transmite no final é um sentimento de que não estando fora do seu tempo, também não deixam saudades, nem uma necessidade extrema de repetir a experiência.
Para começo de noite, as Pega Monstro tiveram a oportunidade de mostrar o seu som que em muitas alturas soa descomprometido e low-fi, lembrando até as Vivian Girls. Letras em português, guitarra e bateria, não pegaram a todos. No entanto, a avaliar pela reacção do público, a pega aconteceu em muito boa gente.