Nunca se pensou que dubstep tivesse alguma utilidade artística, nem que fazer o afamado drop the bass pudesse trazer algo para uma música. À revelia das opiniões mais fechadas, Justin Broadrick incorporou um vocábulo pouco consensual na música e acrescentou-o eficazmente à sua vasta linguagem. O resultado é um disco negro, agressivo e digno de uns Godflesh não industrializados, mas excessivamente urbanizados.
JK Flesh justifica, assim, a segunda parte do nome pela agressividade com que consegue continuar a compor, trazendo à tona a negritude que o debstep contem nos seus arquétipos.Posthuman é, assim, um disco que ultrapassa a realidade em que vive, desenhando-se plausível apenas em contextos distópicos, onde as várias distorções desenham paisagens de acordo com um imaginário suficientemente assustador.
Apesar dos ambientes pesados, Posthuman ainda consegue ser um disco dançável, cheio de groove e de balanço, como o provam a faixa homónima e Earthmover, a título de exemplo (esta última excepcional fácil de identificar com aquilo a que se espera que o dubstep soa), músicas de uma dopagem incansável e de efeito viral.
Que não restem dúvidas sobre o que já era óbvio: o que não é claro é onde começam os limites da criatividade de Justin Broadrick. Enquanto o seu dicionário se mover nas lides mais electrónicas, o mentor dos Godflesh vai ser sempre uma referência, com várias certificados reconhecidos.