Estávamos no ano 2011 e os Fujiya & Miyagi estreavam “Ventriloquizzing” no Musicbox, refeitos de um recente fenómeno de alguma popularidade. Por cá, a sala encontrava-se a meio da sua capacidade. Regressados ao mesmo local, os britânicos parecem reviver um novo impulso no seu percurso, motivados pela edição de “Artificial Sweeteners”. Talvez por isso, tenhamos presenciado uma noite esgotada para os receber.
Ao longo de mais de uma década, o quarteto foi conseguindo aliar todas as referências que lhes serviam de base, surgindo à cabeça o krautrock como fonte primordial da sua música. Como esta vertente não podia existir sozinha, tornaram-no ainda mais dançável. Foi por aqui que residiu a maior ocupação do alinhamento que apresentaram: a electrónica como arrebatadora do kraut. Como tal, logo de começo sentiu-se que a maior parte das malhas iriam perder a aliança dos dois estilos que patenteiam o som dos Fujiya & Miyagi. Nem foi preciso esperar mais do que a faixa-título e “Flaws” para se perceber que um baixo e uma bateria, desnecessariamente predominantes, conseguiriam aniquilar a maquinaria e suprimir a maior parte dos efeitos da guitarra.
Mas nem sempre se sentiu que esta complicada conjugação seria destruída por uma estranha e recente incapacidade para transportar ao vivo todos os elementos que ouvimos em disco. Assim, “Minestrone”, “Knickerbockers”, “Uh” e a instrumental “Rayleigh Scattering” serviram para constatar que Steve Lewis, a par das suas teclas e programação, estavam naquele palco.
O belo impacto que se sentiu, quando David Best nos recordou como a sua voz monocórdica encaixa, continua a ser o mesmo que nos idos tempos de “Transparent Things” e, por isso, ouvir as constantes repetições e aposta em refrões de “Ankle Injuries” e “In One Ear & Out The Other”, permanecem como momentos arrebatadores, como se ouvíssemos um “Pocket Calculator” dos Kraftwerk pela primeira vez.
Na despedida, e já depois de terem recorrido novamente ao seu recente registo com “Tetrahydrofolic Acid”, regressaram a “Tinsel & Glitte” de “Ventriloquizzing” e relembraram a injustiça que foi deixar de fora “Electro Karaoke In The Negative Style” do seu historial de lembranças.
Na primeira parte os , a estrear o seu disco homónimo com uma semana de mercado, fizeram desejar por uma noite contínua de rock’n’roll. E, tendo em conta que se sabia o que viria a seguir, esse será o melhor elogio. Munidos de groove, ritmo e boas canções, tiveram o condão de, mesmo lembrando uns Black Rebel Motorcycle Club ou um Jon Spencer, orientar o seu som com pergaminhos e efeitos em nada ocidentalizados.