Os discos são, em muitos casos, como os livros. Lembramo-nos, facilmente, de qual foi aquele que marcou um momento e acaba por ser inevitável que, mais tarde, se recorra a esse mesmo registo. The Invisible Mountain é um desses álbuns, caracterizado por situações musicais incríveis, diferenciadas, cheias de aura e de genialidade, repleto de circunstâncias de total apreensão e que remete para uma concentração total.
Half Blood aparenta carecer de algumas destas características. Porventura por se adoptar em certas alturas por uma maior lentidão, com propensões curiosas de algo semelhante a um krautenvelhecido e lento, acrescenta um conjunto de ocorrências em que se nota e sente a falta de força e poder.
Jenks Milker com Half Blood continua a manter presente a principal premissa do seu projecto, ou seja, a iminente estranheza com que se concretiza a sua sonoridade. Todo aquele som embrenhado na voz rasgada que, em muitos casos, aparenta ser dissonante do instrumental, mas que, de forma estranhamente interessante, consegue convergir para uma postura mais pesada que falta na parte instrumental.
Novamente, Horseback apresenta algo desafiante e de difícil apreensão. Um longa-duração que desperta e apela à atenção máxima para captar todos os pormenores. No entanto, poderá ser dito que o labirinto sonoro e a intensidade do mesmo são, desta feita, menores.
Para quem tenha sido positivamente perturbado por The Invisible Mountain, Half Blood tenderá a não comportar o mesmo efeito. Contudo, se assim não for, a conjugação de ambientes densos quer no registo vocal, quer no registo instrumental, serão um excelente ponto de partida para novas descobertas.