Welcome to your worst nightmare: reality.
É com esta declaração de intenções que o novo disco dos Harm’s Way se apresenta. Dos subúrbios da ventosa Chicago, quatro indivíduos relatam, sem ornamentos ou caprichos líricos, o que os rodeia. Isolation é, por isso, um ensaio sobre a frieza e o individualismo humanos e o desespero de quem já nada encontra no fundo no túnel.
Com um hardcore mid-tempo, encorpado pelo peso de uma guitarra com inspiração no grind nórdico e no sludge (os primórdios da banda passaram pelo powerviolence), os Harm’s Way transformam Isolation numa obra venenosa, capaz de figurar nos melhores registos de ‘negative hardcore’ dos últimos anos. Os breakdowns são hostis, inspirados numa combinação entre o beatdown e o que os Rotten Sound executam quando diminuem um pouco a cavalagem, transformando os trinta e dois minutos de álbum numa pujante e pérfida composição.
As raízes straight edge nem por isso ajudam a diminuir a matriz pessimista do álbum, como aconteceria, por exemplo, com uma banda do movimento “youth crew”. Os Harm’s Way deixam bem clara a sua posição quando fazem ouvir a frase people have no value e a voz de Judge Hammers, áspera e agressiva, capaz de nos fazer lembrar de Barney dos Napalm Death, não transmite um pingo de esperança.
Isolation é um dos melhores e mais audazes lançamentos de hardcore do 2011. Um soco no estômago, que, ao que parece, também atingiu os Converge: “HARM’S WAY Isolation is the best heavy hardcore record I’ve heard in a long time. Highly recommended, check it out.”, disse a banda de Boston no seu twitter.