Com o Cine-Teatro a meio gás, longe de estar cheio para receber a única data em solo luso da The Sign of Hell Tour, os Gorgoroth entraram em palco, tendo como pano de fundo um estandarte gigante que promovia o último álbum datado de 2009, Quantos Possunt Ad Satanitatem Trahunt.

Sem o carácter cénico de palco e de performance que caracterizou e problematizou os anos recentes de concertos, Pest e companhia pisaram o estado e, de imediato, abriram o concerto comBergtrollets Hevn. A partir deste momento, aquilo a que se assistiu foi a um destilar de temas de quase toda a discografia. De facto, os presentes tiveram uma oportunidade única de assistir, praticamente, a uma retrospectiva de carreira, que englobou não só temas do disco de estreia Pentagram, como também deQuantos Possunt Ad Satanitatem Trahunt.

Desta forma, foi possível não só contemplar a vertente de black metal mais cru, e atendendo às raízes da banda; como também a forma mais desgarrada como o grupo aborda os trabalhos mais recentes. Ao longo do concerto foi interessante verificar Pest a dirigir-se várias vezes, com a sua presença demente, até junto do público e a debitar olhos nos olhos as suas preces insanas e agonizantes, que encaixavam na perfeição no formato sonoro dosGorgoroth.

Apesar de não ter sido uma longa actuação, não chegando a uma hora de concerto, os Gorgoroth mostraram o porquê de serem um dos grandes expoentes europeus das sonoridades mais extremas. Que não passem mais seis anos até uma nova visita.

Antes dos Gorgoroth, os polacos Vader, com mais de duas décadas de existência, confirmaram que os anos passam, mas que a máquina continua muito bem oleada, não obstante das várias mudanças de line-up. Já sem o mítico Doc (memorável, o sound-check no Garage há 11 anos atrás), os Vader acabaram por passar a sensação de que, depois de tanto tempo, não saíram da mesma linha e continuam na mesma senda ano após ano, álbum após álbum.

Como tal, foram temas clássicos como Wings, Carnal ou Sothis, que mereceram uma maior movimentação na sala. Contudo, a noite era de apresentação do mais recente álbum, editado este ano, Welcome to the Morbid Reich, que mereceu uma presença acentuada na setlist.

Sem grande apelo por parte dos presentes, os Vader regressaram para o encore que incluiu a cover de Raining Blood dos Slayer. Não deixa de causar estranheza que uma banda com tantos anos finalize um concerto com um original de outra banda, mas também que tenha sido neste momento que se viveu maior euforia dentro da sala. Não terá sido um concerto tão intenso e mágico como em 2000, mas os Vader continuam a ser uma banda que mostra um profissionalismo e competência notáveis.

Coube aos Amassado e aos Adimirion o inaugurar as hostes, tocando para um número muito reduzido de público. Notou-se uma falta de empreendedorismo, já que os dois projectos utilizaram em todas as faixas a mesma fórmula, de onde se ressalvou a dificuldade inerente para sair do mesmo registo.