Depois do lançamento do primeiro longa-duração e de toda a atenção que foi despendida a este grupo de misteriosos suecos, Infestissumam estava rodeado de alguma expectativa. A verdade é que não deixa de ser sintomático que uma banda como os Ghostseja capaz de se tornar motivo de alerta para uma comunidade habituada a ouvir composições musicais muito menos suaves e melodiosas. Talvez o apelo visual tenha servido para esta situação. Contudo, com Opvs Eponymovs conseguiram mostrar que, apesar de surgir desse factor uma enorme curiosidade, seria indecoroso não se associar a essa imagem um conjunto de canções bastante capazes. Sim, mesmo sendo indesmentível que são orelhudas por natureza, e de fácil absorção, conseguem transportar com elas um carisma sonoro bastante apreciável.
Se já com o primeiro disco se sentia a congregação de uma estranha mistela entre as bases menos primitivas do metal e um estranho chamamento pop, Infestissumam surge com uma ainda maior tendência para esse tipo de abordagem. No fundo, tão grande como quando apelam e vociferam as entidades demoníacas, conseguindo com isso granjear de um contrato discográfico com uma constituinte da Universal, demonstrando o quão vendável é o conceito dos Ghost.
A dezena de temas patentes neste registo está carregada de melodias com aptidão para nos fazer regressar à métrica baseada no pico dos refrões, tornando possível que instintivamente tenham a habilidade de, com pouco esforço, nos levar a assimilá-los com facilidade. Este será um dos méritos que tem necessariamente de lhes ser atribuído: sem serem instrumentalmente simples, têm a capacidade de nos ficar no ouvido. E só dessa forma seria possível que uma malha como Ghuleh/Zombie Queen, a roçar a balada, consiga produzir um efeito tão imediato e obrigar a fazer um mea culpa por não se reprimir uma reacção adversa a um conceito deste tipo.
Infestissumam é tão directo que chega a chatear. Não necessita de amadurecimento ou de um processo de lenta conquista. Pouco nos desafia. Ao contrário do que seria expectável, as partes instrumentais são tudo menos baseadas num facilitismo pouco convidativo, mesmo tendo em consideração que não terá temas tão ambiciosos como Elizabeth ou Con Clavi Con Dio. De qualquer das formas, torna-se inoportuno tentar perceber grandes diferenças entre as duas edições. Serão mínimas e, apesar de mais centrados nos parâmetros melódicos que na primeira experiência, não mostram nem enveredam por uma mudança sonora. Nem mesmo uma maior e diferente utilização dos teclados, os torna menos congruentes. Se, em Opvs Eponymovs estes se ouviam mais fantasmagóricos e sombrios, desta feita estão num limiar do saudavelmente piroso, mas capazes de empolgar e conferir a melodia reinante no resto do conteúdo instrumental.
Os Ghost até poderiam ser um daqueles casos em que a música não acompanha a magnitude dos aspectos visuais. Mas não é. Não só os Nameless Ghouls se mostram como soberanos executantes, como Papa Emeritus II, com a sua voz limpa, consegue enriquecer algo que será um dos tesouros musicais dos tempos modernos.
Com Infestissumam, a banda de Estocolmo mostra que é cada vez mais uma banda cativante, podendo, muitas vezes sentir-se que no futuro até podem vir a pisar o risco e degenerar numa coisa estranha e menos audivelmente saudável. Rapazes, não nos desiludam.