Durante quatro dias cerca de quarenta bandas passaram pelos três palcos, distribuídos pelo calmo espaço das Termas do Eirogo. Apesar do salto quantitativo e qualitativo do evento, não houve uma adesão em massa prometida.
A verdade é que entrámos num festival solidário, com um espírito diferente do de qualquer outro, mas nem a boa vontade nos retirou a confusão sentida. Entre kebabs e cachorros quentes havia dança do ventre, uma sex shop, cavalos brancos e uma tattoo shop. Confusos? Eu fiquei. Compreendo a necessidade de oferecer coisas diferentes, mas quando se torna demasiado aleatório fica simplesmente estranho, diria mesmo ‘lynchiano’.
Dia 1 – 17 de Junho de 2011
Segundo dia do festival, 17 de Junho, tocavam no palco secundário os Urban War oriundos do Porto, com um nu metal fora do seu tempo. De seguida, no palco principal, os W.A.K.O., acrónimo deWe Are Killing Ourselves, uma banda death/thrash activa desde 2002, apresentou-nos o seu último álbum, The Road of Awareness, num concerto competente, e que provocou alguma agitação nas hostes. Novamente no palco secundário, os Grankapo trouxeram o seu hardcore que veio abrir o apetite para as bandas que seguiam.
Finalmente, Mata-Ratos, que, com quase 30 anos de carreira, trouxeram a Barcelos o que de melhor se faz de “punk rock bezana”, segundo os mesmos, em Portugal. Temas como Napalm na Rua Sésamo, C.C.M. e a incontornável A minha Sogra é um Boi foram entoadas em uníssono. De referir que Miguel Newton, vocalista da banda, recebeu da Organização o prémio “Gallus Sonorus Musicallis”, pela sua dedicação há mais de 30 anos à música portuguesa e agradeceu dizendo: “30 anos a berrar, esperem por mais 30, caralho!”
Seguiram-se os For The Glory, no palco secundário, com um hardcore enérgico e bem executado. Conseguiram melhor que ninguém que o público se deslocasse para o interior da tenda que servia o palco 2, e fecharam o concerto em grande com Survival of the Fittest.
A penúltima banda a passar pelo palco principal foram os italianosExilia, com a frontwoman Masha como centro das atenções que, oscilando entre o registo cantado e o gutural, liderou a banda por temas seleccionados dos cinco álbuns que já trazem na bagagem.
Os GODOG apresentaram, no palco secundário, o seu álbum Tell me a story. Os ouvidos concentravam-se no violino, instrumento central do seu metal progressivo / experimental que ainda deu aVaca de Fogo dos Madredeus uma nova e interessante roupagem.
Finalmente, no palco principal e na noite mais concorrida do GSM, a banda que muitos aguardavam – Paradise Lost –, que voltava a Portugal depois de três anos de ausência.
Trouxeram consigo um set equilibrado onde foram tocados temas de sete dos seus doze álbuns de estúdio, estando bem representado todo o percurso musical da banda. Como não podia deixar de ser, e estando a reedição agora nas lojas, foi Draconian Times o álbum mais visitado da noite, através de três temas,Enchantment, Hallowed Land e Forever Failure.
O final da noite ficou ao encargo dos DJ’s Manuel Melo (Sinfonias de Aço) e António Freitas (Hipertensão e Ant3na) na tenda do palco secundário. No palco Soulfly, junto à entrada e aos comes e bebes, a selecção musical ficou nas mãos de elementos de duas bandas locais, The Glockenwise e Aspen.
DIA 2 – 18 de Junho de 2011
O cartaz do segundo dia foi encabeçado pelos noruegueses Sirenia, precedidos de um lote constituído quase na sua totalidade por bandas nacionais.
Foi com o recinto praticamente vazio que os nove elementos dos Kogito subiram ao palco principal para apresentar o seu ska, contudo é impossível fazer a festa quando se tem pela frente pouco mais do que vinte pessoas.
Após o punk-rock dos Cães Danados no palco secundário, foi possível assistir a um concerto de Switchtense cheio de energia, que mostrou uma banda coesa, e muito forte ao vivo.
O ponto alto da noite foi o concerto de Men Eater, preenchido quase na totalidade por temas do seu mais recente álbum, Gold, que resultaram muito bem ao vivo. A única excepção foi a já clássica Lisboa. De referir que foi o primeiro concerto da banda com um novo elemento, que preencheu o lugar da terceira guitarra e dos teclados. Só ganharam com isso.
Os More Than A Thousand demonstraram ser uma banda com uma rodagem e energia em palco fora do comum, tendo ficado bem visível a grande quantidade de seguidores presentes no recinto que foram presenteados quer com material extraído do mais recente Volume IV: Make Friends and Enemies, quer com hinos como Walking on the devil’s trail e It’s the Blood…, que encerrou a actuação.
A fechar o palco secundário apresentaram-se os barcelenses Shamans Of Rock, com o seu rock competente e de inspiração marcadamente 70’s.
A marcar o último concerto da noite, os Sirenia trouxeram o seu “Female Fronted Gothic-Metal”, com uma carreira que conta já 10 anos de existência e 5 álbuns de estúdio.
A fechar a noite, esteve novamente presente o DJ António Freitas, bem como o DJ Phrozen Hell, no palco 2, e os locaisBlack Bombaim e Green Machine no palco Soulfly em formato DJ set.
DIA 3 – 19 de Junho de 2011
Os concertos do último dia foram concentrados no palco principal. De salientar que a alternação entre os dois palcos dos dias anteriores funcionou muito bem, fazendo com que praticamente não houvesse tempos mortos. Comecemos pelos SOM, Sons Of Misfortune, side project de elementos de Devil In Me, Dawnridere Men Eater. O álbum está prestes a sair, avisaram.
Seguiram-se os japoneses Church of Misery, uma mistura entre um doom clássico e um rock psicadélico, onde grande parte das letras é inspirada em serial killers famosos. O frontman Yoshiaki Negishi foi sem dúvida o performer do festival arrastando os presentes na sua performance frenética.
Depois subiram ao palco os americanos EyeHateGod, uma das bandas mais aguardadas da noite. A banda sludge de New Orleans tocou pela primeira vez em Portugal, e sem uma setlist previamente delineada, como fez questão de frisar Jimmy Bower, guitarrista e membro fundador da banda.
A fechar a noite e também o festival, estiveram os Corrosion Of Conformity. Reduzidos a trio com a ausência de Pepper Keenan, os elementos originais da banda Mike Dean, Reed Mullin eWoody Weatherman trouxeram-nos um set baseado nos primeiros trabalhos da banda, com a sonoridade que fez deles um dos bastiões do crossover-thrash na década de 80. Num excelente concerto, tocaram clássicos de discos como Animosity eTechnocracy, e alguns temas novos como Your Tomorrow ePsychic Vampire.