Repetição, repetição. É surpreendentemente bela a cadência deFöllakzoid neste álbum, como um triângulo de Sierpinski em centrifugação pendular. É, num acesso simultâneo, tão desértico como quem já não espera água e tão extraterrestre como um objecto por identificar. “III” vive de estruturas que marcham em passo constante, sobrepostas, num manto estelar roubado às melhores tapeçarias alemãs, às charnecas krautrock em serviço desde 1970. Trinta segundos de cada tema nos bastam para saber como serão todos os outros minutos, mas o aborrecimento não chega, nem está por vir. Somos uma serpentezinha encantada que baila ao ritmo tântrico do psicadelismo séc. XXI que os Föllakzoidescrevem in tongues, nem é espanhol, nem é inglês, é uma linguística primitiva e futurista como se o futuro fosse outra vez cantado no tribalismo Inca.
O minimalismo repetitivo, admitido pelos chilenos e comparado pelos próprios à música techno, não deixa que “III” se perca emjams masturbatórias, tantas vezes o mal de quem faz da alucinação o seu rock preferido. Este disco é coeso, com um nexo de ritmo apuradíssimo, e guarda em si um propósito e um sentido de ser e existir tais que não lhe conseguimos dizer que não.