Foi com algum atraso que se deu inicio, ontem, ao segundo dia do festival Curvo, o primeiro com música ao vivo. Numa sala relativamente cheia, esperava-se, com alguma curiosidade, o que este certame urbano iria revelar. E ninguém foi para casa desapontado.

Passavam poucos minutos das 22 horas, quando subiu ao palco Rita BragaA menina-mulher de Lisboa, vestida de cor-de-laranja, no estrado negro, despido de artefactos, começou, por, timidamente e quase a medo, proferir um “boa noite”. Com a sua guitarra acústica e voz límpida, a cantora assume um papel timoneiro e inicia a viagem pela qual nos iria levar, nos 45 minutos seguintes. Rita Braga interpretou temas em russo, Katyusha; em grego (quantas línguas falará esta rapariga?!); Sweet Constance, uma canção havaiana – sonoridade que, de resto, pautou, grande parte da sua actuação, dado que, à terceira música, Rita Braga sacou de um ukelele, que não largou até ao fim do espectáculo –  e até uma canção típica dos Açores, Dalila.

Apesar de, por vezes, desafinar – provavelmente, devido ao seu nervosismo extremo -, os seus vocais, que Rita Braga sabe controlar bem, são doces, entre falsetes e crescendos. Interpretando temas em inglês, ouvimos First Street Blues, um original deLee Hazlewood ou My Heart Belongs to Daddy, canção de Cole Porter, para um musical de 1938que nos faz bater o pé. O melhor adjectivo para descrever Rita Braga é “fofinha”, num estilo muito Mary Poppins, talvez por cantar, na sua maioria, versões de outros músicos – também alguns originais seus, contudo – e temas de bandas-sonoras do século passado, como River Of No Return.

Apesar de ainda precisar de amadurecer, Rita Braga tem potencial para crescer e evoluir. A actuação finalizou fazendo jus ao cenário hollywoodesco criado, com umaperformance épica. Mas, a esta altura, o público já ansiava pela entrada em cena de Matt Elliott.