O ponta-de-lança dos Eternal Tapestry é um cargo difícil de se atribuir. Uma vez que os norte-americanos partilham irmamente as principais tarefas musicais, o que impera salientar em Beyond The 4th Door não é mais do que a recomendável vitalidade do baixo, da bateria e da guitarra, sempre em iguais proporções.
A última, dona e senhora das cordas, arquitecta as melodias a lápis de distorção, mas, ao prestar-lhes especial atenção, ficamos com a ideia de que, no processo de composição da banda, pensa-se, primeiramente, nas salientes linhas de baixo e na lenta bateria, herdeira solitária de uns pais stoner.
Só que, se os progenitores stoner fazem ouvir-se nas duas faixas iniciais – num disco composto por apenas cinco temas -, à terceira, sabe-se que houve uma troca de maternidade, mais rápida e mais virada para o metal e para o doom, na espectacular Galactic Derelict. Vale a pena ouvir este tema com atenção: é que, além de tudo, os sintetizadores, ao alto, comandam o barco, aterrorizador, no bom sentido.
Depois desse murro na garganta, observa-se outra nota curiosa nos Eternal Tapestry: o psicadelismo umbilical, xamânico até, auxiliado por vozes distorcidas e por um saxofone em Affections In a Miracle e na final Time Winds Through A Glass, Clearly, torna-se ainda mais submersivo, tântrico e negro.
Claro que, como boa banda de Oregon, o tom drogado desta quase jam é constante em todo o disco. Só que, ao contrário da sua colaboração com Sun Araw, chegamos ao fim das longas malhas de Beyond The 4th Door e acabamos por lamentar esta solidão que nos atingiu, na maioria do disco.
Isto para dizer que um movimento extra, mais pesado, não faria mal a ninguém. Pelo contrário, até porque já vimos o que é que a bateria a mil – e mais com os seus breaks, no derradeiro tema – de Jed Bindeman e o baixo de Krag Likins conseguem fazer. Não obstante da ligeira decepção, as expectativas estão em alta para os vermos ao vivo, já em Novembro, no Porto e em Lisboa.