Os Emptyset são mais uma das bandas que integra a árvore genealógica da música electrónica da cidade inglesa de Bristol. Não são a raiz nem correspondem ao tronco – são ramificações, habitadas por larvas, que se estendem para lá da árvore e embatem em relâmpagos. Parece mau? Nada disso! Uma sonoridade que fornece oxigénio a quem suspira de tédio com formatos standard. Não há melodias cantadas nem ritmos dançantes. Há dois gajos, James Ginzburg e Paul Purgas, a vociferarem electrónica orquestral, subversiva, densa, visceral, repetitiva e, sobretudo, electrizante.

Há sensivelmente um ano os Emptyset apresentaram o álbum “Medium” no Festival Semi-Breve, em Braga. Agora regressaram a Portugal com mais um registo na discografia, “Recur”, editado recentemente. No dia 8 de Dezembro aterraram na Madeira para actuação no Festival Dig, e no dia 10 surgiram no Teatro Maria Matos.

O som dos Emptyset é bastante interessante se escutado solitariamente em casa, porém é ao vivo que ganha maior dimensão sensorial. Para além de ser possível percepcionar com maior detalhe todos os sons produzidos pelas duas almas-génias que estão por detrás dos sintetizadores, também há um equitativo espaço para a componente visual.

O live-act, como se previa, serviu quase na íntegra o último registo do duo. Os compositores demarcaram claramente as fronteiras entre cada um dos temas de ”Recur”, não fugindo muito ao formato registado em disco. “Limit”, um tema mais tecno e que provoca maior aceleração cardíaca, foi terminal tal como no álbum.

Ginzburg e Purgas estiveram sempre ligados às máquinas, acompanhados por Sam Williams, o responsável pelo vídeo. E foi para assistir a isso que o público, que não chegou a encher a bancada instalada junto ao palco, ali se deslocou – para escutar o som e para contemplar a sincronização das imagens projectadas sobre a tela. O que não impediu uma determinada monotonia à medida que a música avançava no tempo. O vídeo, abstracto e ruidoso, apesar de coerente com a música, nem sempre reflectiu a envolvência sonora, especialmente no último terço da actuação, em que a imagem não avançou no tempo da mesma forma.

Foram 50 minutos muito competentes e sonoramente tumultuosos como se pedia. Duração curta que se revelou a ideal, pois os Emptyset não pareciam ter muito a acrescentar para que esta noite ficasse na memória dos presentes.