O ideal de férias britânico certamente fará agora mais sentido para os Editors, depois de no mesmo ano nos visitarem em pleno verão e voltarem no outono. Ontem, foram presenteados com uma noite suave e morna que evidência a beleza do centro lisboeta. À porta do coliseu a quantidade de pessoas não causa susto. Depois de terem tocado os também britânicos Balthazar e das normais sazonalidades – entre o bar, janelas e WC – é possivel constatar que mais de metade de casa está preenchida. Apenas uns minutos passaram das 22h e um elemento electrónico indícia a entrada de “Sugar”, do mais recente disco.

A aura Joy Division e The Smiths patente no som de Editorsdistingue-os marcadamente de outras bandas provenientes do indie rock britânico. E é ao vivo que eles o sabem mostrar. Os elementos visuais são importantíssimos e Tom Smith encabeça um lead singer exemplar: nada do que faz em palco é fortuito, todos os seus movimentos encaixam perfeitamente no restante ambiente. Não é um falador mas é multi-instrumentalista: em “Eat Raw Meat = Blood Drool” senta-se a um grande piano – aumentando o intimisto -, caminho que esta banda encontra e mantém com mestria.

“Sparks” dá aso a que Tom Smith pegue na guitarra acústica e lhe oferece uma versão inicial mais lenta, que após a entrada de Justin Lockey na guitarra eléctrica, vai crescendo até atingir as reacções que as banda tem arrancado desde o ínicio, quando entra a bateria. O set list não tem qualquer divisão, canções do novo e dos anteriores disco surgem em alternância, fazendo-nos constatar que os fãs de Editors já conhecem bem o novo disco – não houve praticamente nenhuma quebra de entusiasmo durante todo o concerto.

O album de estreia é chamado com “Munich”, recebido em prantos pela multidão que canta em plenos pulmões. Sem deixar levantar pó, “The Racing Rats” surge a seguir e abre caminho ao falso final com “Honesty”. Esta serena o ambiente conduzindo-o de novo a caminhos mais introspectivos onde os elementos electrónicos usualmente utilizados pela banda são o fio condutor. Retorno rápido, alvo de bastante amor por parte dos fãs e Tom Smith novamente sentado ao piano clássico em “Bricks and Mortar”, onde novamente o som da MPC surge em destaque. No final, já depois de se ter ouvido a bela “Nothing” do novo disco, surge inevitavelmente “Papillon”. Esta que, mesmo com uma actuação continuamente em clima entusiásta, conseguiu fazer palpitar mais alto os corações dos convivas. Culminando como o momento mais alto do espetáculo.