Dodecahedron é uma aposta da música pesada contra que as possibilidades pendem. Contudo, para repetir a história (desta feita num formato feliz), estes 1% levam o bolo todo para casa. Não são monstros da música pesada, mediaticamente faland, mas têm neste primeiro álbum a maior prova de que a Season of Mist não anda por aí a dormir.

A tensão entrea agressividade gratuita do death e a dualidade dissonância-melodias etéreas do black metal resulta, aqui, num género de progressões. Os norte-americanos não fizeram um mero ensaio revisionista da música pesada recente – este ensaio, qual exercício de ciência académico, traz uma contribuição para os registos da história que deve ser contabilizada, mesmo que no futuro se reduza esta contribuição à insignificância de mais uma.

Trata-se de um disco bipolar, fruto de um grupo de personalidades fragmentadas pelos seus antecessores e inspiradores, que leva a um fruto saborosíssimo devido a um elemento inquestionável: a capacidade técnica. Tanto podemos encontrar as melodias mais negras, em passagens de soslaio pelo blackned death com laivos djent, como as alegrias mais desconcertantes, algo de que I, Chronocrator é um óptimo exemplo.

A música pesada tem em 2012 um ano em grande: os Neurosis estão a finalizar um novo álbum, os Blut Aus Nord vão encerrar uma trilogia que, até ver, está nos nível “incrível”, e os Meshuggah estão a escassos dias de lançar o sucessor de “obZen”. A isto acrescente-se: os Dodecahedron viraram os preconceitos atribuídos a um álbum debutante do avesso e assinaram uma estreia que cumpre a sua própria promessa.