O fraquinho de Chino Moreno pela balada de engate? Conhecemo-lo desde que “Digital Bath” arrancou os Deftones dos seus pares nu metal. O homem adora escarrapachar innuendossexuais, cultuar a figura feminina e desencaminhá-la por devassos atalhos, à responsabilidade da sua vozinha de nostálgico-romântico incurável. Os Team Sleep serviram de plataforma de testes: entre um rock meio post, meio electrónico, o norte-americano cantou ao lume de prostradas noites. Solitários serões. Os †††, por seu turno, querem companhia.
Numa pop que rumina o melancólico downtempo dos Portishead e lhe agrega o lascivo apetite de The Weeknd, a cantiga dosCrosses faz-se de madrugadas sugestivas. Imaginem o Abel Tesfaye (este rapaz poderia ter feito de “†rophy” um malhão) sem tantos frasquinhos de Adderall, mas com idêntico gosto pela ambiência witch house(iteira) e uma incapacidade óbvia para arrumar num cantinho a autoridade rock. O problema reside, acima de tudo, no último ponto: o esforço de Shaun Lopez e Chuck Doom, por entre sintetizadores e amorosas guitarras, faz dos †††pouco mais do que uma anémica versão de Deftones. Não larga a braguilha do passado. Ouçam “Bi†ches Brew” e encontrarão um b-side de “Saturday Night Wrist” sem a genialidade obrigatória deStephen Carpenter. A sensação repete-se logo em “†hholyghs†”, que bem conhecemos do primeiro EP. Outro erro: mais de metade deste álbum são temas dos extended play. Sobram-nos, das quinze malhas, cinco verdadeiramente originais. Pouco. É um EP3 com os outros colegas na mochila.
Para um indivíduo que tem em Fever Ray uma das suas artistas de referência, esperávamos que o disco de estreia dos Crossesarriscasse e esventrasse a electrónica por outro caminho que não o de beats sensaborões, vários deles resgatados de um Trent Reznor pós-heroína com vontade de trucidar anjinhos – “Cross”, também ela do primeiro lançamento discográfico, é tão Nine Inch Nails em desmame “Ghost” que chega a incomodar. Falta um rasgo convincente neste LP, além da pujante “†his is a †rick”. Falta fechar no casabere o pónei branco e soltar verdadeiramente a franga, como “†elepa†hy” nos promete através de um baixo bem funky-motown. Pena que esta pedalada disco não mais tenha continuidade e voltemos de pronto a um trip-hop desbotado. Que não se perde na negritude ansiada e anunciada, nem se agarra de olhos fechados às maleáveis ancas da pop/R&B. Fica ali no meio. Chega para a one night stand, mas não alimenta um namoro de longa-duração.