Aos Coliseum sempre lhes reconhecemos um genoma bem mais lato do que aquele circunscrito ao hardcore – mesmo quando Chris Maggio lhes tresmalhava o drumkit (ele que agora é o bate-chapas de serviço nos Trap Them) e a Relapse lhes oferecia abrigo na sua residência. Oriunda do Kentucky, a banda de Ryan Pattersonnunca voltou espaldas ao seu embrião sulista e, se nos atirarmos para o No Salvation (2007), é necessária um hercúleo esforço para negarmos o rock n’ roll descaradamente a céu aberto nos riffs deFuneral Line.

Por muito que lhe tracemos uma árvore genealógica, não encontraremos nada de puritano nos seus subgéneros – osColiseum estiveram sempre em contrapasso com a clássica amálgama hardcore-crust-sludge, preferindo alinhar a sua embarcação pela astrologia dos Kyuss ou dos Fu Manchu, enchendo-a a posteriori com uma dissonância deslavadamente punk. O antecessor deste registo, House With A Curse (2010), sublinhou a ideia e indicou-lhes o deserto como trilho a percorrer.

Sister Faith é precisamente a primeira investida Arizona adentro, de sol afiado na careca de um Patterson que poliu as suas seis cordas, dando-lhes hoje menos distorção mas definitivamente mais amplitude melódica. Quando Last/Lost nos diz olá, sentimos como o norte-americano decidiu afundar a guitarra nas tintas do post-hardcore à Hot Snakes, reforçando-as com um tom grave e cheio – mérito a J. Robbins dos Jawbox, que produziu esta labuta. E, apesar de a velocidade ser tarimba dominante, não deixa de ser refrescante (haverá melhor do que um oásis num árido descampado?) que Sister Faith venham também carregada de slows jams às costas: Love Under Will e Under The Blood Moon(esta com Chris Colohan dos Burning Love / Cursed) partilham o mesmo ADN e revelam um Kayhan Vaziri cheio de carnudas linhas de baixo para oferecer, por entre um cativante mid-tempo. Outra dos belos predicados do disco é uma estampada simplicidade:Save Everything não é nada que não se tenha escutado noutras paragens, mas sua aguerrida honestidade seria capaz de colocar Fred Cole dos Dead Moon a gingar. Contudo, vale a pena destrinçar que, apesar de bem soalheiro, Sister Faith não repisa exactamente os caminhos por onde Brant Bjork ergueu poeira – não será fácil encontrarmos os Coliseum a abrir a janela e a vociferar palavras de ordem sobre um Chevrolet Camaro ou sobre uma skatada, mesmo quando a óptima Bad Will se demonstra plenamente capaz de desafiar os Karma To Burn para um confronto de riffs.

Se nos debruçarmos sobre os pontos menos bons, então convém dizer que não teria sido má ideia retirar alguma da bagagem deSister Faith – três quartos de hora parecem ser extensos demais para o efeito pretendido. Trinta minutos seria a equação perfeita, talvez, até porque mais depressa chegaríamos à indisputada rainha do álbum: Fuzzbang. Com uma orelhuda abertura à Torche, a malha destila um groove digno das melhores generator parties dos anos 90 e deixa que sobre o disco verta uma saraivada de Jack Daniels. Haveria melhor maneira de desligar o motor?