Engraçadíssimo. Estava eu a dar as últimas afinadelas ao texto e a MetalSucks espeta uma review onde compara Coliseum a U2. Fá-lo pejorativamente claro, e também por serem bons amantes doclickbait. Mas vendo bem as coisas, ao fim e ao cabo, a comparação não é assim tão tola e oca de sentido como à primeira possa parecer.
O “Anxiety’s Kiss” mexe-se por terrenos que conheço bem e que já vinham sendo cultivados desde o “Sister Faith” de 2013, o primeirofull-length a juntar Coliseum ao J. Robbins. O frontdude dos extintos Jawbox fê-los claramente cagar em todos os excesso metálicos por onde Ryan Patterson tinha começado a gatafunhar a carreira [é só para lembrar que o “No Salvation”, segundo álbum dos Coliseum, foi lançando na… errr… Relapse] e meteu-os a cantarolar rock pré-internet. Não o post-hardcore à la Jawbox, que esse Patterson conhece de ginjeira, mas uma cena, se quiserem, mais mature. Tipo, deixem lá o d-beat e as cuspidelas metaleiras, que eu tenho aqui estes discos de Kiling Joke, vocês vão curtir bué o Jaz Coleman.
Curtiram. Curtiram logo no “Sister Faith”, que veio cheiinho de safanões graves e com a pedalada mais lenta que os Coliseum alguma vez tinham feito. Acabou a soar assim uma versão low costdos QOTSA, porque o punk lhes era ainda demasiado próximo, como uma ex-namorada de quem continuamos a encontrar molas do cabelo pelo quarto. Ouvir a “Doing Time” para mim continuar a ser como escutar um b-side do “Rate R” talvez. Só que agora, à segunda colaboração com o produtor J. Robbins, os Coliseum apanharam uma carraspana post-punk. É demais, pá. Eu adoro post-punk, o britânico então continua super relevante, mas não é por isso que vou amaricar o som das guitarras na minha banda, principalmente quando ela é conhecida pelo oposto.
“Anxiety’s Kiss” é frouxo, deixou de telefonar ao hardcore punk e apagou o número da lista. Tenta recomeçar outra vida com a ajuda dos velhotes The Cure, Killing Joke e The Cult, mas a coisa está tão meiguinha que é aí que percebemos de onde o mano da MetalSucks foi buscar os U2. Para os distraídos, o Bono e o The Edge começaram a carreira a imitar os Joy Division. E esta guitarra do Patterson, toda choninhas e a cantarolar como uma menininha pré-adolescente apaixonada em “Dark Light Of Seduction”, faz realmente lembrar coisas do “Boy”.
Que raio é que se passa com estes tipos? Não só com osColiseum, os Ceremony agora também pensam que vão fazer “Turn On The Bright Lights On” desta década. E o novo dos Title Fight irrita-me tanto que eu era para escrever a crítica em Fevereiro e ainda não consegui. Mandem-se às urtigas.