Suécia. Um reino onde prolifera o rock e o metal, nas suas mais variadas formas. Um país que tem até direito ao seu próprio estilo de metal: o de Gotemburgo, criado por referências como In Flames, Dark Tranquility e At the Gates. E são exactamente estes últimos que possuem uma ligação próxima com os Disfear.Tomas Lindberg, ex-vocalista dos At the Gates, decidiu entrar para a banda em 2003, (juntamente com Uffe Cederlund, guitarrista dos também suecos Entombed) participando logo na gravação de Misanthropic Generation (2003) – álbum que sucedeu a Everyday Slaughter (1997), o último com Jeppe Lerjerud na voz. Essa ligação mantém-se até hoje e deu toda uma nova perspectiva ao grupo da cidade de Nyköping, bem patente em Live the Storm.
De um som marcadamente d-beat/crust praticado durante os anos 90, com uma produção pouco trabalhada e com afinidades claras a uns Discharge ou Amebix, os Disfear evoluíram para uma sonoridade mais “rock n’ roller”, a fazer recordar uns Motörhead sob efeito de ácidos. A sujidade tão característica do crust vintage desapareceu e deu lugar a uma produção com laivos bem mais melódicos – que se fazem sentir em variados momentos, especialmente nos riffs da excelente faixa de abertura Get if Off (que também faz recordar Strike of the Beast dos Exodus), que logo se desdobram e multiplicam, deixando ramificações em Fiery Father eDeadweight.
Mantém-se uma velocidade impiedosa e esmagadora, com a voz rasgada – e nada filantrópica – de “Tompa” Lindberg a conceder um belo contraste com um som que tresanda a cerveja entornada depois de uma noite de festa e moshpits amiúde.O álbum não concede qualquer pausa, nem tampouco permite a quem ouve pensar em mudar de faixa, pois é um registo que “obriga” a uma audição de uma única assentada. Qual hélice descontrolada, Live the Storm não pode ser parado com as nossas próprias mãos, pois corremos sérios riscos físicos. Tem vida própria e assume-se como um álbum que soa como se tivesse sido gravado ao vivo, apesar de ser provavelmente o disco mais trabalhado a nível de estúdio da carreira dos Disfear.
E esse facto não pode ser dissociável de Kurt Ballou, o guitarrista dos Converge, que foi o escolhido para produzir Live the Storm, substituindo no cargo o mítico Mieszko Talarczyk, ex-vocalista e guitarrista dos Nasum, que morreu no tsunami asiático de 2004. Não será portanto de estranhar algumas semelhanças verosímeis na concepção com Axe to Fall dos Converge, álbum que viria a sair um ano depois deste disco dos Disfear.
Rápido e fulminante qual relâmpago, Live the Storm faz de nós autênticos sacos de pancada… E como carapaças habituadas a anos de estragos provocados pelo punk, hardcore, thrash ou death, cabe-nos alinhar nas festividades e agradecer aos Disfear por se transformarem numa espécie de Tyler Durden