Já dizia a teoria que quando a oferta é muita a procura diminui. Ao longo destes anos temos assistido a um crescente número de bandas que praticam o tão propalado e, com contornos enjoativos, post-rock. Temos também percebido que apesar desta incrível taxa de natalidade de bandas do estilo, convenhamos que, salvo raríssimas excepções, já são poucos os atributos que possam ser acrescentados para criar algo novo e, no fundo é isso que na maior parte das vezes procuramos.

Quase a completar-se cinco anos desde que marcaram presença em Lisboa – na altura a apresentar o excelente “Tertia” – os Caspian debatem-se com a dificuldade de perceber como podem criar algo mais. “Waking Season” não foi um disco de superação, mas apenas um registo a deambular no limbo, com pouco interesse e moderadamente satisfatório. Contudo, diga-se em defesa dos americanos, ao vivo conseguiu resultar escondido e funcionando como ponto de equilíbrio no meio de malhas antigas. Também serviu de referência à transição da faixa título, e um novo tema, para “Brombie”, com os seus estados puros de crescendos e decrescendos – imagem de marca do agora quinteto de Massachusetts – semelhante a uma teia com o seu enrodilhado a ganhar grandeza e forma. Acorde sob acorde numa marcha épica.

Instados a mostrar como soam por agora os Caspian, tomaram a pulso “The Heart That Fed” e “Bloom And Bough”. Aqui Philip Jamieson induziu a sua voz robótica, acabando por surgir embrulhada no instrumental e retirando alguma emoção ao tema. No entanto, “ASA” e “Ghosts Of The Garden City” fizeram relembrar a Lei da Oferta e da Procura, recordando que mesmo existindo fartura, estes rapazes prosseguem como uma dádiva, essencialmente quando sentimos que nos prestaram uma actuação imaculada.

Admitindo a necessidade de recuperar fôlego nos bastidores, o regresso fez-se com a sequência inicial do primeiro trabalho “You Are the Conductor”. “Quovis”, “Further Up” e “Further In” anteciparam a mensagem do quão especial é para eles tocar em Portugal e em cidades a que não voltam tão frequentemente. Ao contrário do que se sente muitas vezes, soou totalmente sincero e fruto das sensações que aquelas guitarras nos trouxeram na belíssima “Sycamore”, fechando a actuação com a epopeia final de todos rodearem e acompanharem Joe Vickers na sua bateria. Meia década é demasiado, regressem mais vezes.

Antes dos Lehnen que, apesar de acrescentarem vozes, em pouco mais resultou do que numa ensaboadela de superficial, genérico e desinspirado post-rock, tivemos os Katabatic. Também eles partilharam o palco com os Caspian no passado e que evolução se testemunhou no RCA. Baixo diferenciador e detonador das duas guitarras, este quarteto cresceu bastante. Ganhou peso, ritmo, malhas fortes e graduais, mesmo com a supressão de excessos ambientais. Há história nas faixas dos Katabatic, enredo e progressão. Música métrica e pautada que, agora sim, os coloca em ponto de mira.